Pela primeira vez no Estado de São Paulo, foi calculado o valor da produção florestal, adotando inclusive um enfoque inédito de estimar o valor potencial das áreas de conservação revestidas de vegetação natural. É o que mostra artigo publicado na revista Informações Econômicas (edição de junho/2009) do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Para os pesquisadores Eduardo Pires Castanho Filho, Paulo José Coelho e José Alberto Ângelo (IEA) e Luis Fernando da Costa Alves Feijó (Fundação Florestal), “as florestas são o segundo produto em valor da agricultura paulista, ficando atrás apenas da cana-de-açúcar, e respondem por quase 10% desse valor”. A produção oriunda de 44 mil unidades de produção agropecuária (UPAs) representa quase 9,5% do valor total do Estado.
Porém quase metade das propriedades do Estado detém florestas nativas, cujo principal produto é ambiental e não é calculado para mostrar o valor da produção relativo a elas, em face das dificuldades encontradas no atual estágio metodológico. Isto ampliaria o valor para R$4,45 bilhões, excetuada a seringueira, dizem os autores do estudo.
“No que se refere à parte ambiental, existe a expectativa de que políticas públicas consigam iniciar o processo de implantação de pagamento por serviços ambientais ou ecossistêmicos, tornando realidade o valor da produção potencial desse segmento.”
Outro destaque da nova edição da revista é o artigo que mostra, com base nas exportações, a especialização regional como um dos elementos determinantes das diferenças estruturais existentes entre a agricultura paulista e a das demais Unidades da Federação brasileira. Segundo os pesquisadores do IEA, Sueli Alves Moreira Souza e José Sidnei Gonçalves, nas vendas externas, São Paulo tem como principal grupo de mercadorias exportadas os produtos da agroindústria sucroalcooleira. Já nas demais Unidades da Federação prevalecem os grãos e fibras, com destaque para a soja. Nas aquisições no interior, não há expressiva diferenciação regional pela generalização do padrão de consumo, que exige importações crescentes de trigo e mesmo de arroz, e irradiação do padrão produtivo, o que demanda maiores compras de fertilizantes no exterior.
Indicadores da cana
Outro artigo analisa a existência de associação entre alguns dos principais indicadores sócio-econômicos e a intensidade das atividades sucroalcooleiras nos municípios paulistas. O trabalho identifica um grupo de municípios com forte cultivo de cana e presença de usinas, além de outros dois, um com baixo cultivo de cana e sem a presença de usinas e outro com forte cultivo de cana, porém sem usinas.
No estudo, os professores Alceu Salles Camargo Junior e Rudinei Toneto Junior, da FEA-USP, concluem que os municípios com maior presença do setor sucroalcooleiro apresentam maiores desempenhos em termos de indicadores sócio-econômicos como IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), IPRS (Índice Paulista de Responsabilidade Social) e remunerações na agricultura, indústria e comércio, além de níveis de arrecadação de impostos e renda per capita.
A viabilidade econômica do uso de lodo de esgoto na agricultura é assunto de artigo dos professores Nuria Rosa Gagliardi Quintana, Maristela Simões do Carmo e Wanderley José de Melo, da UNESP e da Unicamp. Eles calcularam a dose econômica de lodo de esgoto da ETE/Barueri empregada na cultura do milho, a partir de experimento em dois tipos de solos (Latossolos Vermelhos distrófico e eutroférrico) durante três anos, com cultivo mínimo. Concluíram que, para qualquer rentabilidade, a dose economicamente adequada foi de 13,50 toneladas (base seca) por hectare de lodo de esgoto, nas condições estudadas. A adubação com lodo de esgoto proporcionou maior rentabilidade, quando comparada à fertilização com adubo industrial.
Outros destaques da revista são a participação das mulheres nas decisões em assentamentos rurais (região de Andradina); a preservação ambiental e geração de renda aos agricultores familiares em sistemas agroflorestais; a concentração fundiária no Estado de São Paulo (1996-2008) e a qualidade no mercado de queijos no Brasil.
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
(11) 5067-0424
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