O Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, executou melhorias no Laboratório de Biologia Molecular e Laboratório de Saúde das Aves, localizados no Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola (CAPTAA), em Descalvado, interior paulista. Ao todo, foram investidos R$ 400 mil, com recursos oriundos do Tesouro do Estado de São Paulo e de empresas parceiras.
O Laboratório de Biologia Molecular recebeu um equipamento que permitirá a realização de análises moleculares para o diagnóstico do vírus da influenza aviária. O Laboratório de Saúde das Aves realizou obra para melhoria da qualidade do trabalho dos técnicos de laboratório, com um novo sistema de tratamento de odores dos gases produzidos durante o processo de descontaminação em autoclave.
O equipamento 7500 Fast Real-Time PCR System, adquirido em 2017, permite a realização de análises moleculares para o diagnóstico de influenza aviária, doença com alta mortalidade nas aves e que pode barrar as exportações brasileiras de produtos avícolas, caso vírus de alta patogenicidade sejam identificados no Brasil. “A doença também é uma zoonose, ou seja, pode causar a doença em humanos”, explica Renato Luis Luciano, pesquisador do Instituto Biológico. O investimento para a compra do equipamento e insumos foi de R$ 300 mil e foi realizado por empresas parceiras do IB. Segundo Luciano, as análises moleculares trazem mais segurança no diagnóstico das doenças por se tratar de uma técnica rápida, sensível e específica. “O resultado da reação de PCR em tempo real sai em até duas horas, enquanto que a técnica de PCR convencional pode demorar dois dias, considerando as etapas de extração, reação de PCR e revelação da reação”, afirma.
O interesse por esse tipo de análise está na importância da influenza aviária, que, ao ser identificada, pode barrar as exportações brasileiras de produtos avícolas. O Brasil é o maior exportador e o segundo maior produtor de carne de frango do mundo. “O País é livre de influenza aviária e diversas medidas de controle estão sendo adotadas para impedir a entrada e difusão dos vírus no país, associadas a medidas de biosseguridade, além da realização de inquéritos epidemiológicos oficiais para monitoramento dos plantéis avícolas e de aves migratórias e de subsistência”, explica.
O Laboratório de Biologia Molecular do IB encontra-se em processo de acreditação segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17025, norma internacional relacionada ao sistema de gestão da qualidade para ensaios. O segundo passo será o credenciamento junto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a realização dessas análises. Com essas certificações, o laboratório se tornará o primeiro laboratório estadual paulista a realizar o diagnóstico molecular oficial de influenza aviária, através da técnica de PCR em tempo real e poderá prestar serviços para empresas avícolas. Atualmente, o IB já realiza o diagnóstico sorológico de influenza aviária para empresas de material genético avícola. Em São Paulo, uma empresa de genética avícola obteve em 2016 o certificado de compartimento, fornecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e outras empresas estão em processo para também conquistarem essa certificação.
“As empresas com a certificação de compartimento realizam análises periódicas e passam por rigorosos processos de auditorias e treinamentos internos com a finalidade de garantir que, caso ocorra um surto de influenza no país, o compartimento continue a exportar. Por exemplo, se uma galinha caipira, criada em uma propriedade de subsistência, mas distante de uma grande empresa avícola for diagnosticada com esta doença, toda a exportação brasileira de frango é paralisada, não importa o local que a ave for identificada e nem a quantidade de aves afetadas. Neste caso, as empresas de compartimento, como fazem análises constantes, podem continuar a exportar mesmo que a doença for identificada no país. Por isso, a busca por essa certificação na OIE”, explica Luciano.
Apenas laboratórios oficiais, ou seja, públicos e acreditados pelo INMETRO e credenciados pelo MAPA, podem fazer essas análises oficiais para as empresas de compartimento. Atualmente, apenas os laboratórios federais que integram a rede de Laboratórios Nacionais Agropecuários (LANAGRO) estão aptos a realizar essas análises. “O IB busca também essas certificações. Esperamos que ainda no primeiro semestre de 2018 estejamos prestando esse importante serviço ao setor produtivo”, afirma o pesquisador.
Reforma
O Laboratório de Saúde das Aves do IB também passou por melhorias. Em agosto de 2017 foi instalado um novo sistema para enclausurar duas autoclaves – usadas para descontaminação de materiais de uso do laboratório e de amostras após as análises. Antes da instalação do sistema, o vapor oriundo do processo de descontaminação era liberado no ar, o que acarretava em odor forte para os colaboradores do IB e também para as pessoas vizinhas ao laboratório do Instituto.
Com o novo sistema, o vapor oriundo do processo de descontaminação passa por um exaustor que o destina a dois lavadores de gases, que por meio de uma reação química de cloro e hipoclorito de sódio tratam esse vapor e o liberam sem odor e sem resíduos poluentes para a atmosfera. O investimento na obra foi de R$ 101 mil, pago pelo Tesouro do Estado.
Por dia, são realizados sete ciclos de trabalho nas autoclaves, que possuem por ciclo capacidade para descontaminação de um volume de 200 litros. “Além de enclausurar as autoclaves, fizemos um novo sistema no Setor de Descontaminação de modo que os colaboradores do Instituto manipulam os materiais que passaram por descontaminação em uma cabine, sendo ambiente isolado, o que proporciona melhores condições de trabalho”, afirma Silvio Begosso, engenheiro civil da APTA.
Segundo a diretora do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola do IB, Ana Maria Iba Kanashiro, aproximadamente dez mil ensaios microbiológicos, sorológicos e moleculares são realizados mensalmente no laboratório para diagnósticos e monitorias de patógenos aviários como Salmonella, micoplasmoses, influenza aviária e laringotraqueite, além dos controles microbiológicos realizados em ingredientes, rações e ambientes das fábricas de alimentos para animais. Focando no atendimento qualificado ao cliente, o CAPTAA possui ensaios acreditados pela CGCRE/INMETRO desde 2013.
“Ações como essa mostram a pujança e a melhoria constante dos institutos, uma recomendação do governador Geraldo Alckmin”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Os ensaios acreditados ABNT NBR ISO/IEC 17025 são os seguintes:
Área Saúde Animal
Diagnóstico Bacteriológico das Salmonelas Aviárias
Diagnóstico Sorológico SAR e SAL Pulorose.
Diagnóstico Imunológico SAR Micoplasma.
Diagnóstico Imunológico ELISA Mycoplasma gallisepticum e Mycoplasma synoviae conjugado; Mycoplasma gallisepticum; Mycoplasma synoviae; Mycoplasma meleagridis Influenza aviária; Laringotraqueíte das aves; Newcastle; Gumboro; Pneumovírus; Reovírus; Anemia infecciosa, Bronquite Infecciosa
Detecção de Anticorpos IDGA Influenza aviária e laringotraqueíte das aves
Diagnóstico molecular de micoplasmoses (M. gallisepticum; M. synoviae e M. meleagridis) por PCR convencional
Área Alimentos (Amostras Ambientais e Alimentos para Animais)
Determinação de Salmonella spp (método bacteriológico)
Detecção de Salmonella spp (método BAX)
Contagem de Bacillus cereus, enterobactérias, bolores e leveduras, coliformes totais 45°C, Clostridium perfringens, clostridio sulfito redutor, mesófilos aeróbios e estafilococos coagulase positiva
Área Alimentos Ovos e Derivados
Determinação de Salmonella spp
Contagem de Bacillus cereus, enterobactérias, bolores e leveduras, mesófilos aeróbios e estafilococos coagulase positiva.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
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