O Polo Regional de Bauru da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, integra projeto de pesquisa temático, aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), para investigar casos de mastite bovina causados por Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Enterococus spp. O projeto, coordenado pelo professor Hélio Langoni, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), reúne pesquisadores da FMVZ, do Polo Regional de Bauru da APTA, do Instituto de Biociências (Unesp-Botucatu) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A mastite é uma doença inflamatória da glândula mamária, podendo afetar um ou mais tetos, com ocorrência frequente em ruminantes. A enfermidade tem causa multifatorial e é causada por cerca de 140 micro-organismos, muitos dos quais de origem contagiosa ou ambiental, com graus variáveis de infecciosidade. A doença diminui a qualidade do leite, reduz a produtividade das vacas e diminui o tempo de prateleira dos produtos lácteos.
Com foco em mastite ambiental, o projeto “E.coli, Klebsiella pneumoniae e Enterococcus spp.: Impacto dos fatores de virulência na mastite bovina e reflexos na saúde pública” investigará casos de mastite bovina causados por esses enteropatógenos, relacionando caracterização genotópica e fenotípica destes, além dos fatores de virulência, pesquisa de genes codificadores, perfil de citocinas como marcadores de virulência e multirresistência dos microrganismos aos antimicrobianos.
A expectativa dos pesquisadores é que, a partir das análises, seja possível a produção de uma vacina para o controle da mastite ambiental. Os patógenos ambientais, de acordo com os pesquisadores, estão presentes em áreas onde o animal é manejado ou mantido, como salas de ordenha, ambientes da pré e pós-ordenha ou nos estábulos, local em que o gado permanece confinado. A doença é transmitida para as glândulas mamárias a partir das fezes, solo, cama dos animais, água e equipamentos de ordenha.
“Com o estudo, esperamos ampliar os conhecimentos referentes aos casos de mastite ambiental causada por esses patógenos, relacionados principalmente quanto aos aspectos de virulência, multirresistência aos antimicrobianos, como os Enterococcus, que já têm se mostrado resistentes a alguns antimicrobianos importantes, além de estudos relacionados à imunopatologia, possibilitando estratégias para profilaxia, controle e reflexos para a saúde pública”, afirma Simone Baldini Lucheis, pesquisadora da APTA que integra o trabalho. O projeto tem duração de cinco anos.
“A mastite acarreta prejuízos econômicos tanto para os produtores como para a indústria de laticínios pelo menor rendimento industrial e menor período de prateleira dos derivados lácteos. Esses prejuízos são de extrema relevância, pois muitos dos patógenos envolvidos na sua etiologia são agentes de zoonoses, produtores de toxinas, enterotoxinas e outros fatores de virulência, causadores de graves surtos de infecção e toxinfecções alimentares”, explica a pesquisadora.
O projeto temático aprovado pela Fapesp será formado por seis subprojetos. Serão coletadas amostras de leite de propriedades localizadas nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Para a realização dos trabalhos, a agência de fomento paulista concederá duas bolsas de doutorado e uma de pós-doutorado.
O Polo Regional de Bauru da APTA realiza análises relacionadas a análises microbianas de leite para pequenos produtores da região. O laboratório da Agência também realiza análises vinculadas a projetos de pesquisa de mestrado e doutorado, pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da FMVZ-Unesp, no qual a pesquisadora da APTA é credenciada.Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, a aprovação do projeto mostra a competência técnica da APTA e ajudará o produtor rural. “Uma das diretrizes do governador Geraldo Alckmin é que a Pasta promova renda e melhora da condição de vida no campo. Esse projeto ajudará nisso”, diz.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA