A Planta Alimentícia Não Convencional (PANC) conhecida como major gomes tem produção considerada satisfatória, mesmo sendo uma espécie rústica, que não passou por domesticação. É o que aponta pesquisa desenvolvida pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) que avaliou o desenvolvimento e produção de biomassa da parte área do major gomes, com o objetivo de indicar o manejo fitotécnico da cultura e promover ganhos para os agricultores. O major gomes, também conhecida como beldroegão, maria gorda, bredo e cariru apresenta 100% a mais de ferro em suas folhas do que o espinafre cru, por exemplo, sendo uma ótima opção de alimentação para regiões carentes.
Segundo os dados levantados em experimento realizado no Polo Regional de Pindamonhangaba da APTA, a produção média de major gomes foi de 35,6 gramas por planta, em peso fresco, e 11,9 gramas por planta, em peso seco. Levando em conta esses dados, a produção média desta PANC foi estimada em 3,4 toneladas por hectare, em peso fresco, e 1,02 toneladas por hectare, em peso seco, com quatro cortes realizados dois meses após transplantio para campo das mudas. Os cortes foram realizados a altura de 20 cm, uma vez por mês.
“A produção foi satisfatória, considerando que se trata de uma espécie rústica, não domesticada, aliado ao fato de ser uma espécie perene, podendo-se dar mais cortes”, afirma Cristina Maria de Castro, pesquisadora da APTA.
De acordo com a pesquisadora, o aproveitamento de espécies alimentícias não convencionais com elevados teores nutricionais, como o major gomes, podem contribuir para a conservação e valorização de plantas não convencionais e para uma dieta mais rica e saudável.
O major gomes é uma espécie perene, rústica, que cresce espontaneamente nas beiras das calçadas, terrenos baldios, pomares e nas grandes cidades sob árvores, já que a planta que gosta de locais sombreados. Ocorre em várias regiões de zonas tropicais e subtropicais e, embora nativa da América, está sendo naturalizada em outras partes do mundo.
“Suas folhas são suculentas, de verde escuro intenso, ricas em nutrientes, principalmente ferro e potássio. São utilizadas como hortaliças na alimentação humana em algumas regiões, como na Bahia, na recuperação do estado nutricional causado pela carência de ferro. Pode ser consumida crua em saladas e suas folhas cozidas ficam saborosas em bolos salgados, recheio de panquecas, pastéis, omeletes e pães”, afirma Cristina.
Os projetos de pesquisa desenvolvidos pela APTA buscam promover políticas públicas focadas na pesquisa participativa agrícola e desenvolver novas modelos de sistema de produção com base agroecológica, considerando as especificidades regionais. A intenção é estimular as famílias rurais a permanecerem no campo, com qualidade e respeito ao seu conhecimento, com geração de renda e produção diferenciada.
“São pesquisas que buscam o resgate, a domesticação e propagação das PANC em sistemas agroflorestais e em plantio direto com adubação orgânica. A inserção das PANC na mesa dos consumidores é feita por meio da interação popular com o desenvolvimento científico e tecnológico, no âmbito de projeto de pesquisa com metodologia participativa”, explica Cristina.
As pesquisas envolvem transferência de tecnologias relacionadas ao manejo de PANC, propagação de sementes e formas de preparo dos alimentos. “Duas vezes por ano realizamos o ‘Saúde na Feira’, uma ação em feiras de municípios do Estado de São Paulo, em conjunto com produtores orgânicos e com uma chefe de cozinha que prepara para degustação da população. Além disso, prestamos assessorias com palestras e implantação de Hortas Demonstrativas, em escolas, para inserção de PANC na merenda escolar”, conta a pesquisadora.
O que são PANC?
Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) são plantas utilizadas pelos nossos antepassados, rústicas, adaptadas localmente, ricas em nutrientes, que vêm sendo esquecidas da dieta atual. “Hábitos alimentares cada vez mais globalizados e comidas processadas, aliam praticidade e baixo custo, porém, muitas vezes são uma combinação de vazio nutricional e de substâncias que não são alimentos, como conservantes e aromatizantes”, afirma a pesquisadora da APTA.
Para Cristina, a cultura alimentar local, o conhecimento tradicional aliado ao saber científico, a valorização e conscientização do uso de PANC são alicerces para que se tenha uma população bem nutrida e empoderada, utilizando sua biodiversidade local. “A soberania e a segurança alimentar e nutricional de uma população está associada a sua riqueza de culturas e biodiversidade”, afirma.
“A saudabilidade dos alimentos é uma das diretrizes propostas pelo governador Geraldo Alckmin para a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. As pesquisas da APTA com Panc seguem essa recomendação ao incentivar o consumo de alimentos saudáveis, ricos em nutrientes”, diz Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
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