A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), conta com um dos únicos laboratórios públicos do Estado de São Paulo que realiza pesquisas em larvicultura de camarões de água doce. Os trabalhos feitos no laboratório de carcinicultura da APTA, em Pirassununga, interior paulista, tem o objetivo de avaliar formas de reduzir os custos e incentivar este mercado ainda pouco explorado no Estado de São Paulo.
As principais larviculturas comerciais do Brasil estão em Espírito Santo e Rio de Janeiro. Os únicos laboratórios públicos de pesquisa no Estado de São Paulo são o da APTA e o do Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (Unesp), em Jaboticabal.
“Nossos pesquisadores buscam sempre formas para melhorar a produção e incentivar novos negócios para o Estado de São Paulo, uma recomendação do governador Geraldo Alckmin”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento.
Por não ser um grande produtor de camarão, a larvicultura de camarões de água doce é uma área comercial pouco explorada em São Paulo. A larvicultura no Estado é caracterizada por pequenos produtores e é pulverizada pelo Estado, com alguma concentração no Vale do Ribeira. “Quem está abastecendo os produtores paulistas com pós-larvas de camarões de água doce são as larviculturas de outros Estados, principalmente, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Estados do Nordeste”, explica o pesquisador da Secretaria, que atua na APTA, Marcello Villar Boock.
Para ajudar a despertar o interesse em começar a larvicultura no Estado, os pesquisadores da Agência desenvolveram o estudo de criação de larvas de camarão da espécie M. amazonicum, conhecido como camarão-da-Amazônia, baseado em tecnologias de criação anteriormente desenvolvidas para o M. rosenbergii, conhecido por camarão da Malásia, mais comercialmente explorada.
De acordo com o pesquisador, a tecnologia de produção de camarões de água-doce que existia anteriormente era de outros países, como Israel e Estados Unidos, principalmente para a espécie do camarão da Malásia. “Nosso grupo de pesquisa vem adaptando a tecnologia para a produção espécies de camarões nativos do Brasil”, afirma.
A pesquisa da APTA analisou a alimentação e a metamorfose das larvas. Na alimentação, estudaram como a Artemia, um micro crustáceo essencial para a nutrição das larvas nos seus primeiros estágios, e a ração fresca inerte, feita de forma artesanal pelo produtor para alimentar as larvas a partir nos últimos estágios.
Os trabalhos avaliaram, por exemplo, quantas vezes ao dia as larvas devem ser alimentadas. Também foi considerado se a presença de camarões adultos influencia na velocidade da metamorfose das larvas, fazendo-as desenvolver mais rápido ou mais devagar. “Na pesquisa bibliográfica, descobrimos que outras espécies de crustáceos são influenciadas na metamorfose pela presença de adultos e pensamos que o mesmo poderia acontecer com o camarão da Amazônia”, diz Boock.
De acordo com o pesquisador, a ideia é diminuir o tempo de produção das larvas e o custo com a alimentação, já que a Artemia muitas vezes é importada e pode ser cara. “Se os adultos influenciarem a metamorfose das larvas, conseguiríamos encurtar alguns dias a larvicultura, o que seria importante para o produtor. Se também confirmarem os resultados de um manejo alimentar mais eficiente, quem vai produzir a pós-larva terá um custo menor e poderá repassar isso ao produtor da engorda, que repassará para a venda, fazendo com que o camarão chegue mais barato ao consumidor”, explica o pesquisador da APTA.
A pesquisa foi finalizada em novembro de 2015 e está na fase de elaboração da Dissertação de Mestrado de um aluno do Programa de Pós-Graduação em Aquicultura e Pesca do Instituto de Pesca. As informações e dados coletados serão confirmadas em novas análises e posteriormente, publicadas na forma de artigos científicos.
O laboratório
O laboratório de Carcinicultura da APTA entrou em funcionamento em novembro de 2013 e recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para as adequações na sua estrutura e compra de equipamentos. “Ele será utilizado para o desenvolvimento de novos estudos sobre a larvicultura do camarão-da-Amazônia e para fins didáticos, como aulas práticas de disciplinas dos cursos de pós-graduação e, em breve, para cursos destinados a produtores rurais”, afirmou Boock.
O primeiro projeto de pesquisa desenvolvido no laboratório foi “Frequência alimentar e avaliação da presença de adultos como fator indutor de metamorfose na larvicultura do camarão-da-Amazônia”, que está sendo desenvolvido pelos pesquisadores da APTA Regional, Marcello Villar Boock e Fábio Rosa Sussel, e os pesquisadores do Instituto de Pesca (IP), Hélcio Luis de Almeida Marques e Helenice Pereira de Barros. Os professores da Unesp, Wagner Cotroni Valenti e Patrícia Moraes Valenti, também participam do trabalho.
Por Giulia Losnak (estagiária)
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