Durante workshop sobre projeto de pesquisa sobre o uso agrícola de nitrogênio, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC-APTA) recebeu, em Campinas, pesquisadores de seis universidades e centros de pesquisa da Inglaterra, além de outros da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), nos dias 17 e 19 de maio de 2016, das 9h às 17h. No dia 18, o grupo realizou reunião em Botucatu, na Unesp.
O projeto envolve o estudo da eficiência do uso do nitrogênio na agricultura e suas implicações ambientais que podem ser causadas pelo excesso de nitrogênio. A produção do fertilizante nitrogenado, que é um dos principais componentes para aumentar a produtividade agrícola, requer uma quantidade muito grande de energia e recursos financeiros. Esse cenário reforça a necessidade de somar competências para analisar a aplicação agrícola do nitrogênio. O trabalho, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP), terá um site específico.
A primeira reunião de trabalho do grupo, com representantes do IAC, da Inglaterra e da Unesp, foi realizada na sede do IAC, no dia 17. No intervalo do evento, os ingleses fizeram questão de conhecer o parque do Instituto Agronômico. “Eles ficaram surpresos ao saber que o Brasil tem instituto de pesquisa com 128 anos, como é o caso do IAC”, afirma o pesquisador do Institutro Agronômico e responsável pelo workshop, Heitor Cantarella.
A participação do IAC no projeto inclui a colaboração com experimentos desenvolvidos em campo e laboratório do Instituto. Há previsão de envio de alunos para intercâmbio no Reino Unido para participação e execução de pesquisas.
O projeto tem uma particularidade, que é a colaboração bilateral entre Brasil e Reino Unido. No total, 12 instituições nos dois países colaboram para melhorar a eficiência do uso de nitrogênio na agricultura. No Brasil, o pesquisador Ciro Rosolem, da Unesp, é o responsável pelo projeto.
“Um dos principais impactos relacionados às emissões de gás de efeito estufa é a aplicação de fertilizantes nitrogenados. Quanto menos se perde para o meio ambiente, melhor para o produtor, melhor para a população em geral”, completa.
Em meio à comitiva inglesa, estava um ex-aluno da Pós-Graduação do IAC em Agricultura Tropical e Subtropical. Marcelo Galdos, que atualmente é gerente do projeto Nucleus e pesquisador do Departamento de Biociências da Universidade de Nottingham, fez mestrado no IAC em Gestão de Recursos Agroambientais, sob a orientação da pesquisadora Isabela Clerici De Maria. Galdos é graduado em agronomia pela MidAmerica Nazarene University, nos Estados Unidos, estagiou em alguns países da África e depois veio para Campinas, onde fez o mestrado no IAC.
“O IAC é uma peça chave no projeto; a primeira reunião de lançamento do centro foi realizada na sede do Instituto, foram desenvolvidas as diretrizes, os detalhes da implementação do projeto e do centro virtual”, diz Galdos.
Para ele, a necessidade de estudar a eficiência do uso do nitrogênio na agricultura é essencial, por se tratar de um dos mais importantes macronutrientes na agricultura.
Segundo Galdos, o projeto Nucleus tem como abordagem o núcleo virtual de pesquisa, o Virtual Joint Center, que busca trazer várias instituições para uma colaboração científica de forma virtual. “A sede do projeto é na Universidade de Nottingham, onde o pesquisador Sacha Mooney, um dos idealizadores do Nucleus, está locado”, afirma.
Para o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim, a parceria vem reforçar as competências paulistas. “Estamos somando habilidades para multiplicar resultados, como recomenda o governador Geraldo Alckmin”, diz.
Efeitos do uso do nitrogênio
A planta absorve o nitrogênio, mas uma parte é perdida para o ambiente. Quanto mais a planta o aproveita, menos nitrogênio estaria disponível para ser perdido ou emitido dentre os gases de efeito estufa, por meio de óxido nitroso ou lixiviação de nitrato, que causam problemas ambientais, como a eutrofização.
A eutrofização, que é o enriquecimento de corpos d’água a partir do escoamento superficial ou da lixiviação, pode causar grandes problemas ambientais, como o crescimento acelerado de algas e a morte dessas. Essa situação gera falta de oxigênio nos cursos d’água, impactando a cadeia antrópica, com impactos para a saúde e o efeito estufa.
“O óxido nitroso é um dos principais gases do efeito estufa, um gás que tem quase trezentas vezes mais potencial de aquecimento global do que o CO²”, diz Galdos.