O 40º Congresso Paulista de Fitopatologia será promovido pelo Instituto Agronômico (IAC), e realizado em sua sede em Campinas, de 7 a 9 de fevereiro de 2017. É um evento realizado anualmente, pela Associação Paulista de Fitopatologia desde 1978, com objetivo de divulgar tecnologias para solução de problemas, causados por fitopatógenos nas culturas, nos diversos ambientes de produção. O Congresso irá reunir fitopatologistas das áreas de ensino e pesquisa, técnicos da extensão rural, estudantes de graduação e pós-graduação, além de empresas que atuam na área.
As palestras serão apresentadas por pesquisadores do IAC, da Agência Paulista de Tecnologias do Agronegócio (APTA), do Instituto Biológico, da Embrapa, da Unesp Botucatu e da Esalq/USP, além de profissionais de empresas ligados à fitopatologia de diversas culturas. A conferência inaugural irá tratar da Fitopatologia no agronegócio sustentável. No primeiro dia do evento também haverá uma palestra sobre controle biológico de doenças de plantas e outra sobre os desafios na tecnologia de aplicação de fungicidas, considerando a qualidade e a segurança ambiental.
No segundo dia do evento, três grandes temas serão tratados em mesas redondas: viroses transmitidas por vetores, defesa fitossanitária no Brasil e manejo de doenças e nematoides em sistemas orgânicos.
O pesquisador do IAC, Carlos Eduardo Rossi, irá palestrar sobre “A ciência do manejo de nematoides em sistemas orgânicos”. Em sua apresentação, serão abordados os impactos dos nematoides nas lavouras, seus efeitos na agricultura orgânica e os métodos para reduzir os danos, incluindo adubação verde, bionematicidas e práticas de solo e as explicações científicas de como o manejo acontece. “Os nematoides fitoparasitos são animais microscópicos que sobrevivem exclusivamente do parasitismo de células de plantas hospedeiras, principalmente das raízes, que em altas populações e em condições favoráveis, causam danos e prejuízos econômicos”, explica Rossi.
Segundo o pesquisador do IAC, essa praga pode causar danos no período de transição do sistema convencional para o orgânico, por isso é recomendado o manejo integrado. “No agronegócio, são considerados pragas quando diminuem a produção das culturas. Na agroecologia, as pragas não são causas da baixa produtividade, pois só se tornam limitantes quando o agroecossistema está em desequilíbrio”, diz o pesquisador do IAC.
Outra recomendação é evitar a entrada dos nematoides por meio da limpeza de ferramentas e maquinários e de restos vegetais, como as raízes. Rossi também indica o sistema de rotação de cultura, porém é necessária a realização de análises nematológicas para conhecer as espécies de nematoides que ocorrem na área e fazer a seleção das culturas a serem programadas. “É possível escolher culturas que contenham cultivares resistentes, como alface, tomate e pimentão”, afirma.
A pesquisadora do IAC, Christina Dudienas, irá palestrar sobre as ações do quarentenário do IAC na defesa fitossanitária do Brasil. O Instituto Agronômico tem um dos dois quarentenários brasileiros e a tarefa de analisar a qualidade fitossanitária de materiais vegetais importados para fins de pesquisa. Estes materiais podem ficar em quarentena de meses a anos, dependendo da espécie vegetal e do país de origem.
Dentre os usuários do Quarentenário IAC estão empresas — como Basf, Bayer, Ceres, Limagrain, Monsanto, Monsoy, Nunhems - universidades, como Unesp e Unicamp, além de institutos de pesquisa. A Unidade do IAC já recebeu materiais de 40 países, incluindo Estados Unidos, Austrália, Canadá, Espanha, França, Índia, Holanda, África do Sul, Japão e China.
No dia 9, as mesas redondas irão tratar de manejo de doenças na cultura da cana-de-açúcar, resistência genética no controle de doenças e diagnose e monitoramento de fitopatógenos no agronegócio. A pesquisadora do IAC, Maria Elisa Ayres Guidetti Zagatto Paterniani, irá palestrar sobre melhoramento genético para controle de doenças na cultura do milho. Segundo a pesquisadora, existem métodos de controle de doenças como rotação de culturas, manejo de solo e da cultura, incluindo época de plantio e densidade de semeadura, mas a medida mais eficiente é a utilização de cultivares resistentes às doenças. Na palestra, serão abordados métodos de melhoramento convencional e estratégias para manter a resistência duradoura em programas de melhoramento de milho com seleção para resistência a doenças, sob condições de campo.
De acordo com Maria Elisa, a cultura do milho está exposta a um grande número de fatores bióticos e abióticos adversos. Nas duas últimas décadas, houve um aumento expressivo no nível de doenças, principalmente as foliares: mancha de Phaeosphaeria, queima de turcicum, ferrugens comuns, polissora e tropical, além das podridões de colmo e da espiga. Este crescimento resulta do aumento da área cultivada com milho e da expansão do milho safrinha, principalmente no Centro-Oeste do país. “Uma maior manutenção dos patógenos, agentes causais das doenças, vem sendo propiciada pela constante presença da cultura no campo, pela grande flexibilidade de épocas de plantio e pela má utilização de tecnologias”, explica.
A pós-doutoranda do IAC, Gabriela Teresani, apresentará a palestra “Técnicas de diagnose utilizadas para prospecção deCandidatus Liberibacter solanacearum em olerícolas no Brasil”. Atualmente, ela desenvolve a pesquisa de avaliação de riscos da bactéria ‘CandidatusLiberibacter solanacearum’ nas culturas de batata, cenoura, tomate e pimentão, além de analisar os riscos da transmissão cruzada de bactérias ‘Candidatus Liberibacter’ spp., que estão associadas ao huanglongbing na citricultura, passarem para as olerícolas. A pesquisa é conduzida sob a orientação do pesquisador do IAC, José Alberto Caram Souza Dias. A bactéria ‘Ca. Liberibacter solanacearum’, causa manchas internas nos tubérculos de batata e reduz a aceitação comercial, podendo provocar perdas de até 100% da produção.
Durante o Congresso, outros pesquisadores do IAC farão palestras: Margarida F. Ito, sobre “Variabilidade genética em fitopatógenos”, Alisson Fernando Chiorato, sobre “Método genético para o controle de doenças em feijoeiro”, Ivan Antonio dos Anjos, sobre “Melhoramento genético da cana-de- açúcar para resistência a patógenos”, José Alberto Caram Souza Dias sobre “Contribuições da Bio-Imuno Diagnose no Monitoramento de Viroses em Solanaceas: potencial auxiliar nos sistemas de produção e certificação de semente e mudas” e Hamilton Humberto Ramos sobre “A fitopatologia na agricultura de precisão”.
No encerramento do Congresso serão entregues os prêmios: Prêmio Paulista de Fitopatologia, entregue ao profissionalque tenha contribuído de forma relevante para o desenvolvimento da fitopatologia; o Summa Phytopathologica, atribuído ao melhor trabalho científico publicado na Revista de Fitopatologia no ano de 2016; o prêmio “Victória Rossetti”, concedido ao melhor trabalho apresentado no Congresso Paulista de Fitopatologia; o prêmio “Ferdinando Galli”, para o melhor trabalho de Iniciação Científica apresentado no Congresso Paulista de Fitopatologia; e o prêmio “Hiroshi Kimati”, atribuído ao aluno de graduação e de pós-graduação que tiver o melhor desempenho no Concurso de Diagnose por Imagem (Clínica Fitopatológica), realizado durante o Congresso Paulista de Fitopatologia.
Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, o Congresso reúne conhecimentos e tecnologias de instituições paulistas, que colaboram com a agricultura nacional. “Nossos Institutos se empenham em transferir e compartilhar as soluções geradas para aumentar a produtividade agrícola e a sanidade dos alimentos, como recomenda o governador Geraldo Alckmin”, diz.
Serviço:
40.º Congresso Paulista de Fitopatologia
Data: 7 a 9 de fevereiro de 2017
Local: Avenida Barão de Itapura, 1481, Campinas
Por Carla Gomes
Assessoria de Imprensa – IAC
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