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Pesquisadores do IAC palestram sobre tecnologias e cenários da canavicultura

Pesquisadores da Secretaria de Agricultura e Abastecimento ligados ao Instituto Agronômico (IAC) e à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) participaram do 10º Congresso Nacional da Cana da STAB “Cícero Junqueira Franco”, em Ribeirão Preto, interior paulista, entre os dias 20 e 22 de setembro. Eles palestraram sobre as tecnologias que podem levar o setor sucroenergético à canavicultura de três dígitos — produtividade agrícola acima de 100 toneladas, por hectare, na média de cinco cortes da cana-de-açúcar.
O pesquisador e líder do Programa Cana IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, palestrou no dia 21 sobre o tema “Estratégias de seleção e manejo varietal para otimização de ganhos agroindustriais regionais na canavicultura brasileira”. “Minha intenção é destacar a estratégia adotada pelo Programa Cana IAC para a criação de variedades de cana-de-açúcar, estabelecendo sites regionais com características edafoclimáticas distintas”, explica.
Para Landell, essa estratégia permite explorar variedades especializadas em nichos regionais com grande vantagem agroindustrial sobre as chamadas variedades ecléticas. Os materiais de vasta adoção pelos produtores, por apresentar estabilidade em muitos ambientes, são facilmente superados por "variedades especializadas", quando instaladas na região para a qual foram desenvolvidas.
Este tipo de ganho, na estimativa do Programa Cana IAC, atinge números que variam de 5% a 30%. “Estes saltos, ao serem transferidos para a grande lavoura, lançarão a canavicultura do Centro-Sul do Brasil rumo aos três dígitos de produtividade agrícola, trazendo como consequência uma maior sustentabilidade para o agro-cana”, afirma Landell.
Um dos diferenciais do Programa Cana do Instituto Agronômico é a avaliação das variedades em desenvolvimento em diferentes regiões, chamadas de sites de seleção. Ao todo, são 10 locais no Brasil, sendo sete no Estado de São Paulo, em que os pesquisadores do IAC selecionam clones promissores e os validam como novas variedades do Instituto para essas condições edafoclimáticas. O objetivo é avaliar o desempenho dos materiais em situações diversas de solos e clima. “Somos o primeiro programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar do Brasil a utilizar essa estratégia de testar variedades em diferentes ambientes. Isso é muito importante para o sucesso de nossos materiais”, diz o pesquisador.
Por exemplo: no site 6, localizado no Mato Grosso do Sul, Paraná e Sudoeste paulista, e no 7, situado na região Oeste e Noroeste de São Paulo, são testadas variedades de cana-de-açúcar tolerantes ao estresse hídrico.
A variedade IACSP96-7569, lançada em 2013 pelo IAC, foi selecionada no site de seleção 7. Esta variedade é indicada para ser colhida de maio a agosto, com alta produtividade e teor de sacarose elevado. A IACSP96-7569 tem ótima adaptação à região Oeste de São Paulo, nos municípios de Andradina, Araçatuba, Presidente Prudente e Adamantina, onde ocorreu a última grande expansão da canavicultura paulista. Ela também vem se destacando em outras regionais de ação do IAC.
“Uma importante contribuição dessas variedades refere-se à ampliação do leque de opções, e consequentemente, o reforço na diversidade genética. Isso resulta em uma estratégia de proteção das lavouras contra doenças e pragas, viabilizando a proteção do agronegócio canavieiro como um todo”, disse Landell.
Outro tema de palestras foi o Sistema de Mudas Pré-brotadas (MPB) desenvolvido pelo IAC. O pesquisador do Instituto Carlos Alberto Azania falou no dia 22 sobre o “Manejo químico e sua seletividade para canaviais cultivados com MPB”. O objetivo foi apresentar a conclusão dos primeiros estudos sobre o manejo químico de plantas daninhas em campos cultivados com o sistema de Mudas Pré-Brotadas de cana-de-açúcar. “Essas informações são as primeiras a serem disponibilizadas à sociedade, tudo o que se conhece a respeito são testes feitos pelos próprios produtores”, afirma Azania.
O manejo, que foi comprovado pelas pesquisas, garante seletividade à cana-de-açúcar e controle eficaz sobre as plantas daninhas. Os estudos permitiram concluir que o manejo químico com seletividade garantida às MPBs é possível de ser obtido ao se aplicar os herbicidas antes do plantio, entre 60 a 30 dias de antecedência, e complementar com uma segunda aplicação, após 40 dias do plantio das MPBs.
De acordo com Azania, as avaliações foram necessárias para checar se o acúmulo de herbicidas nos pontos de crescimento prejudica ou não a brotação das gemas quando plantadas, já que as mudas são cultivadas para formação de viveiros de mudas.
Segundo o pesquisador, foi observado que algumas cultivares de cana-de-açúcar também toleram os efeitos de herbicidas aplicados em pós-emergência das MPBs, logo após o plantio. “Mas, essa modalidade de aplicação de herbicidas pode trazer algum atraso ao desenvolvimento das MPBs, no caso de a cultivar ser pouco tolerante”, afirmou o pesquisador.
Nessa modalidade, recomenda-se fazer a aplicação de herbicida preferencialmente com uso de pingentes na barra de pulverização, assim, uma menor quantidade será depositada sobre as folhas da cultura. “Os produtores simplesmente aplicam herbicidas sobre as MPBs como fazem no canavial comercial e, muitas vezes, ocorre intoxicação da cultura”, afirma. O estudo foi conduzido de janeiro de 2015 a agosto de 2016, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Também sobre o sistema de multiplicação de mudas pré-brotadas, o pesquisador do IAC Mauro Alexandre Xavier fez duas apresentações no dia 22. A primeira, focada na utilização do sistema em diferentes espaçamentos entre plantas, com o objetivo de identificar arranjo e distribuição espacial que melhor expressem o potencial de um determinado grupo varietal. “Os dois trabalhos são inovadores. No primeiro, o sistema de mudas pré-brotadas abre caminho para o desenvolvimento de trabalhos, explorando diferentes arranjos espaciais, o que não era possível no sistema tradicional”, destacou Xavier.
O segundo é sobre a utilização do sistema MPB nas fases iniciais de um programa de melhoramento de cana-de açúcar. “Este trabalho traz a possibilidade de aumentar o tamanho de amostras e utilização de delineamentos com repetições nas fases iniciais de seleções em programas de melhoramento de cana-de-açúcar, o que ao fim do processo permitirá redução de tempo no desenvolvimento de variedades regionais e, consequentemente, redução de custo do programa de melhoramento”, explicou.
As apresentações de Xavier tiveram os temas “Avaliação de substratos para produção de Mudas Pré-brotadas (MPB) de cana-de-açúcar”, “Produtividade de cana-de-açúcar em fases iniciais de seleção de programa de melhoramento genético utilizando o método de multiplicação por mudas pré-brotadas” e “Mudas pré-brotadas (MPB) e produtividade de cana-de-açúcar”.
Além dessas apresentações, Xavier também assinou com alguns pesquisadores do Programa Cana IAC e da Coplana um artigo publicado na Revista Stab (Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil) sobre o sistema integrado de produção de mudas pré-brotadas. “Nesse artigo são discutidos a importância e os desdobramentos de modelos de pesquisa e desenvolvimento que incluam instituições de pesquisa, cooperativas e associações de produtores, como o objetivo de garantir aos canavicultores o acesso a novos pacotes tecnológicos, incluindo variedades e MPB, a baixos custos de produção”, resumiu o palestrante.
O secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, reconhece a importância de eventos de transferência de tecnologia para contribuir com o setor sucroenergético. “As equipes de nossos institutos, neste caso do IAC, têm intensa interação com os elos da cadeia de produção, justamente como incentiva o governador Geraldo Alckmin”, diz.
Também palestraram no evento os pesquisadores do IAC: Heitor Cantarella, sobre “Emissão de gases de efeito estufa associados ao manejo da adubação da cana-de-açúcar”; Leila Luci Dinardo-Miranda, com duas palestras com os temas “Reação de genótipos de cana-de-açúcar a Meloidogyne javanica” e “Princípios do manejo de pragas e de nematoides em cana”; e Orivaldo Brunini, sobre “Cenários climáticos atual e futuro e os efeitos no desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar Exemplos-Brasil- México”.
Por Carla Gomes (MTb 28156) – Assessoria de imprensa IAC

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