Data da postagem: 09 Abril 2008
Pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) - Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, que atuam no setor avícola, foram premiados durante o VI Congresso de Produção, Comercialização e Consumo de Ovos 2007, realizado no dia 26 de março último na cidade de Indaiatuba (SP). O evento foi organizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA).
O trabalho Desempenho e qualidade de ovos de poedeiras semi-pesadas em segundo ciclo de produção suplementadas com calcário e farinha de ostra, coordenado pela pesquisadora Carla Cachoni Pizzolante, do Pólo APTA Centro Oeste, recebeu o prêmio de melhor pesquisa na área de nutrição. O objetivo do projeto, iniciado em maio de 2007 e financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), era determinar o melhor nível e combinação entre fontes de cálcio com diferentes granulometrias, para serem utilizados em rações de aves poedeiras em segundo ciclo de produção.
Carla conta que os padrões nutricionais de poedeiras comerciais são estabelecidos para produção e qualidade de ovos de aves no primeiro ciclo de postura, onde a máquina fisiológica é nova e os problemas são poucos quando comparados às aves velhas. Assim, o projeto dos pesquisadores dos Pólos APTA Centro Oeste, Alta Paulista e Monte Alegre do Sul estudaram algumas modificações nutricionais necessárias para se explorar economicamente aves em segundo ciclo de produção.
No Brasil, existem aproximadamente 30 milhões de poedeiras no seu segundo ou até terceiro ciclo de produção. A pesquisadora diz que muitos dos problemas de produção e qualidade de ovos são atribuídos principalmente à nutrição e ao manejo nutricional de aves nesta fase.
Durante a pesquisa, foi constatado que as galinhas mais velhas necessitam ingerir maior quantia de cálcio para que continuem a produzir ovos de boa qualidade. Carla explica que as aves mais velhas, apesar de conseguirem repor suas reservas ósseas de cálcio, depositam menor proporção de cálcio nos ovos que acabam tendo cascas mais finas e frágeis, o que diminui seu valor comercial.
Os ovos produzidos pelas aves poedeiras, a partir do segundo ciclo, possuem maior tamanho e peso, aumentando a possibilidade de apresentação de rachaduras ou quebras. Quanto maior o ovo, maior é a possibilidade de quebra, sendo que 45% do total ocorre com ovos extra-grandes e 27,7% com ovos grandes. Esta maior perda de ovos inviabiliza a comercialização pelos produtores, diz Carla.
A pesquisadora explica que, para a formulação de rações de aves poedeiras, normalmente é utilizada a fonte calcário calcítico de granulometria fina, que não consegue suprir a quantidade de cálcio necessária para a formação de ovos de qualidade das aves mais velhas. O interessante é adequar a granulometria das fontes com a finalidade de retardar a sua passagem pelo trato digestório da ave, contribuindo para uma melhor formação da casca desses ovos, observa.
Segundo Carla, a principal função da casca do ovo do ponto de vista comercial é a formação de uma embalagem que envolve o conteúdo nobre do ovo (gema e clara) contra perdas e agressões do meio. Por isso deve ser forte o suficiente para resistir aos processos de postura pela ave, coleta, classificação e transporte, chegando ao consumidor final.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), o Brasil é o sétimo colocado no ranking de países produtores de ovos e possui as melhores condições para participar do desenvolvimento e do crescimento da atividade, como custo de produção, mão-de-obra, condições climáticas e extensão territorial.
O projeto teve como colaboradores os pesquisadores Antonio de Pádua Deodato e Érika Salgado Politi Braga Saldanha, do Pólo APTA Centro Norte; Sérgio Kenji Kakimoto, do Pólo APTA Alta Paulista; e Christine Laganá, do Pólo APTA Leste Paulista, além da participação de professores da UNESP.
Por Cleide Elizeu,
da APTA