A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizou, em parceria entre Instituto Agronômico (IAC-APTA) e Polos Regionais, o II Simpósio de Propagação de Plantas e Produção de Mudas – Qualidade e Tecnologia Visando Sustentabilidade. O II SIMPMUDAS, que ocorreu de 29 a 31 de outubro, na cidade de Águas de Lindóia (SP), reuniu técnicos, viveiristas, empresários e profissionais da área para apresentar inovações e disseminar o uso de técnicas já consolidadas para a obtenção de mudas de alta qualidade. Também ocorreu a exposição de trabalhos científicos de estudantes e pesquisadores, mostrando os avanços que se tem proposto para o campo.
A pesquisa agropecuária contribui crescentemente com o desenvolvimento da agricultura brasileira. Na área da propagação de plantas, o II SIMPMUDAS trouxe informações importantes e novas técnicas que chegam para auxiliar o produtor.
“A proposta deste Simpósio foi trazer alguns aspectos inovadores e de pouco conhecimento público, como a técnica da aeroponia na produção de batata semente; o uso de bioprodutos, como os aminoácidos, na produção de plantas hortícolas, a possibilidade de uso de materiais alternativos na produção de substratos, a técnica de enxertia em maracujá para controle de doenças fúngicas, e também os métodos de propagação de espécies florestais e nativas da região amazônica, que possuem necessidades específicas para que seja possível obtermos uma nova planta”, enumera Eduardo Suguino, pesquisador do IAC. Segundo ele, as inovações vêm trazendo melhor qualidade para as mudas obtidas via propagação, propiciando vantagens à produção, e novos recursos em prol da sustentabilidade na agricultura.
“Estudos e pesquisa que visam o aumento da produtividade e retorno financeiro ao produtor rural formam uma base sólida que permite ganhos futuros e desenvolvimento tecnológico por um longo tempo”, enfatiza o pesquisador. “Na agricultura a formação desse alicerce tem início com as mudas e sementes de alta qualidade de onde se originam as plantas melhoradas que, anualmente, são lançadas no mercado após anos de estudos”.
Corroborando a função das Instituições de pesquisa voltadas aos setores da agricultura de fornecer alternativas viáveis aos produtores rurais e possibilitar a manutenção de suas atividades e o aumento dos ganhos, o evento pretendeu ser uma ponte entre a academia e os setores de produção. “É muito importante que todos os componentes dessa cadeia produtiva, como viveiristas, técnicos, produtores rurais e atividades afins participem para que, deste modo, as inovações aqui apresentadas possam chegar ao campo, onde serão efetivamente aplicadas”, comenta Suguino.
Propagação de plantas e agricultura
Para o pesquisador do IAC, há que se diferenciar a disseminação das plantas, que ocorre na natureza, e o processo de propagação vegetativa. “Quando a natureza distribui propágulos (sementes) que darão origem a novas plantas, entendemos que seja o caso de uma disseminação de plantas, enquanto que a propagação de plantas ocorre quando há interferência humana no processo”, esclarece. Essa interferência pode se dar de diversas formas, como a estaquia, enxertia e alporquia.
Apesar de as plantas se reproduzirem de maneira espontânea na natureza - o que possibilitou que as espécies que conhecemos sobrevivessem até os nossos dias -, as cultivares comerciais precisam atender ao ritmo produtivo requisitado pela atividade agrícola. Para ter alimento, fibras, combustíveis renováveis e outros recursos à sua disposição constantemente, o ser humano precisa selecionar as variedades de plantas que mais condizem com o que se espera delas, produzindo em maior quantidade, em menos tempo e com mais qualidade. Neste sentido, a propagação vegetativa de plantas se desenvolveu enquanto forma de fazer com que as plantas geradas tenham as características desejáveis presentes nas plantas geradoras.
Suguino lembra que “apesar de toda planta propagada vegetativamente ser inicialmente uma muda, nem toda muda é multiplicada por meio da propagação vegetativa” e explica: “este tipo de propagação forma clones, que são plantas idênticas àquelas das quais foram retiradas suas estruturas vegetais de propagação, enquanto que as mudas formadas pela germinação de sementes possuem características tanto da parte masculina quanto da feminina que a deram origem”.
Por Gustavo Steffen de Almeida
Assessoria de Imprensa - APTA