O IqPR – Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, que mede os preços pagos ao produtor rural, registrou alta de 5,22% na segunda quadrissemana de outubro, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Os produtos que registraram as maiores altas foram feijão (69,88%), batata (34,42%), laranja para mesa (19,86%), amendoim (16,42%), milho (16,39%), carne de frango (13,94%), banana nanica (11,40%), trigo (8,84%), carne suína (5,85%) e algodão (5,64%).
No caso do feijão, manifesta-se a escassez conjuntural decorrente do atraso de safra gerado pela estiagem prolongada de meio de ano. Esta falta de chuvas ocasionou, além de perdas na produção, atrasos na entrada do feijão novo (em especial nas principais regiões produtoras do Sul-Sudeste). Os preços seguem a escalada de aumento que ganha ritmo com o aprofundamento da menor disponibilidade do produto, havendo pouco a fazer pela impossibilidade de importações em quantidades elevadas e qualidades desejáveis. Esta pressão altista somente será revertida com as primeiras colheitas de feijão novo da safra de verão que ocorrerão mais para o fim do ano.
No caso da batata, olerícola perecível em que se manifesta de forma exacerbada a gangorra de preços derivadas de descompassos conjunturais entre a oferta e a procura de produto, ocorrem viradas abruptas e expressivas de tendência em função da realidade pontual do mercado. Essa menor oferta produziu o aumento exacerbado verificado nas últimas quatro semanas.
Na laranja de mesa, a demanda da agroindústria citrícola, no mercado livre de laranja in natura, numa conjuntura de produção menor na presente safra, associada à elevação do consumo com os primeiros dias mais quentes deste segundo semestre, pressionou as cotações da fruta e elevou seus preços. Nos contratos de laranja para indústria, os preços seguem ritmo lento de aumento, manifestando-se inferiores aos da laranja in natura, como reflexo da predominância de contratos que acabam dando maior estabilidade aos preços, atenuando tanto movimentos de alta, como é o caso, quanto de baixa, com em conjunturas anteriores.
No milho, no trigo e no algodão, os eventos de menor produção de países relevantes, em especial dos Estados Unidos (com redução na produtividade do milho apesar da safra recorde), produziram a elevação dos preços no mercado internacional e criaram expectativas de alta que, nas condições brasileiras, superam a valorização cambial, aliviando no curto prazo a queda do poder de compra da moeda nacional.
O aumento para a carne de frango, assim como os ocorridos em menor percentual para carne suína e carne bovina, deve-se ao crescimento da demanda de carnes pelos consumidores no varejo. Ademais, nas carnes de frango e bovina, as vendas externas deram impulso mais decisivo aos preços internos.
No amendoim, além do ajuste decorrente de uma situação de menor oferta, manifestam-se as pressões de demanda e os mesmos efeitos de atraso de safra ocasionado pela estiagem, o que postergou a perspectiva de entrada da colheita de verão, formando expectativas altistas.
Os preços da banana comumente atingem seu pico na primavera, quando há maior propensão ao consumo e quando a oferta é prejudicada pelas ondas de frio dos meses anteriores que retardaram a formação dos cachos.
Os produtos que apresentaram as quedas de preços foram tomate para mesa (6,52%), café (1,95%) e ovos (1,77%).
A análise foi elaborada pelos pesquisadores José Alberto Angelo, José Sidnei Gonçalves, Luis Henrique Perez, Danton Leonel de Camargo Bini e Eder Pinatti. A íntegra está disponível no site www.iea.sp.gov.br.
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