O custo de produção do feijão, em sistema de plantio direto na região Sudoeste Paulista, é de R$ 2.852,41 por hectare (R$ 57.05 por saco de 60 kg), segundo estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Este é o chamado custo operacional total (COT). Já o custo operacional efetivo (COE), que representa o desembolso realizado pelo produtor, é estimado em R$ 2.382,28 por hectare, ou cerca de 85% do total dos custos. O trabalho foi elaborado pelos pesquisadores Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marli@iea.sp.gov.br), Cristina Fachini (cfachini@apta.sp.gov.br ), Edison Ulisses Ramos Junior (eujunior@sp.gov.br) e Marcio Akira Ito (akira@apta.sp.gov.br).
O sistema de produção (e respectiva matriz de coeficientes técnicos) refere-se a propriedades com área média de 100 hectares e produtividade de 50 sacos por hectare na região do município de Capão Bonito. O valor da mão de obra e os preços de todos os produtos e serviços referem-se ao mês de abril de 2010 e foram coletados na região do estudo. Já o sistema de colheita é o semi-mecanizado, realizado por arranquio manual seguido do uso da recolhedora de feijão.
Os gastos com operação de máquinas oneram o COE em 33,8% valor, devido às quantidades de horas-máquina referentes ao trator e à irrigação. Isto exige maior atenção no uso de máquinas e equipamentos, principalmente em relação à dependência de óleo diesel, alertam os autores do estudo. O item adubos tem participação percentual de 22,3% por causa das quantidades utilizadas atreladas ao preço dos fertilizantes, principalmente a ureia aplicada na adubação em cobertura.
O item inseticidas/fungicidas onera o custo em 15,8%, dizem os pesquisadores. Eles chamam a atenção para o uso racional de tais produtos e critérios bem definidos quanto ao controle de pragas e doenças, uma vez que a produtividade da cultura deve ser preservada para se obter resultado econômico satisfatório.
O impacto do uso de mão de obra é de 20,6% do COE, resultado da soma dos gastos na condução da cultura com os da empreita de colheita (arranquio, realizado manualmente). Trata-se de fator de grande relevância, observam os técnicos.
A participação percentual no COT é semelhante, segundo os pesquisadores. “Ressalta-se que os gastos com depreciação de máquinas devem ser remunerados, visto que no médio/longo prazo esse item se torna bastante oneroso, não permitindo a reposição de máquinas e equipamentos. Em casos em que os produtores não se encaixem na forma calculada, os encargos financeiros podem causar maior impacto no custo operacional total.”
Considerando a grande variação entre os preços (de R$60,00, R$80,00 e R$100,00 por saca de feijão), a receita bruta alcançada foi suficiente para cobrir os dois níveis de custos calculados para a cultura, dizem os autores do trabalho. A produtividade obtida também foi suficiente para cobrir tais custos, atingindo o ponto de equilíbrio para o COT igual a 48 sacos por hectare, 36 sc./ha e 29 sc./ha, respectivamente, para os três preços de venda. Considerando-se a produtividade média obtida de 50 sc./ha, restam, respectivamente, em cada hectare produzido, 2, 14 e 21 sacas para cobrir despesas gerais da propriedade, de remuneração do empresário (autoatribuído), da terra e outros gastos e riscos intrínsecos à atividade.
Por fim, os pesquisadores lembram que os índices de lucratividade de 5%, 28% e 42%, respectivamente, são alcançados para esse nível de custo e de preços de venda. No caso analisado, para se remunerar todos os custos calculados e obter rentabilidade positiva, deve-se ter preço de venda superior a R$57,05/sc., mesmo assim mostrando margens bem apertadas de remuneração para os fatores não mencionados.
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Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
Eliane Chistina da Silva (estagiária
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