Produção de carne pode aumentar sem ampliar rebanho
Data da postagem: 27 Abril 2007
O Brasil - que já é o maior exportador mundial de carne bovina - poderia aumentar em 70% sua produção e atingir a taxa de desfrute dos Estados Unidos (37%) sem aumentar rebanho e sem deixar de produzir o "boi verde", engordado no pasto.
A disponibilidade de área na pecuária é tanta que, se a taxa atual de ocupação do gado, que é de 0,94, aumentasse para cinco ou seis cabeças por hectare, seria suficiente para "pôr todo rebanho mundial - de cerca de 1,4 bilhão de cabeças - dentro dos 220 milhões de hectares ocupados pela pecuária brasileira, conforme compara o consultor da Scot, Fabiano Tito Rosa.
Mas, numa meta mais factível no curto prazo - entre quatro e cinco anos - o Brasil poderia avançar sua taxa de desfrute de 21,7% para 25% - próxima a da pecuária Argentina, que é de 26% - e com isso, ampliar a produção de carne em cerca de 15%.
Mas, em qualquer uma das situações, o que falta ao pecuarista brasileiro para atingir esses níveis é investimento em tecnologia, o que depende de uma resposta do mercado, com maior demanda e abertura de outros mercados, segundo Rosa.
A estimativa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de que nas próximas duas décadas, o mercado mundial de carnes cresça 2% ao ano, projeção considerada conservadora pelo presidente da Organização Permanente Internacional da Carne (Opic) Patrick Moore. Apesar de não arriscar outro percentual, Moore acredita em uma expansão maior, alavancada pela demanda da Ásia e atendida pela oferta da América do Sul. "Desde que haja controle sanitário", diz Moore, em apresentação no Congresso Internacional da Carne, ontem, em São Paulo.
No caso do Brasil, o problema é a restrição do produto in natura em atingir os maiores importadores mundiais, como Estados Unidos e Japão. "O Brasil não participa de 60% do mercado mundial de carne, apesar de ser o maior exportador, com 30% do importado pelo mundo", lamenta o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira. Além disso, a remuneração paga à carne brasileira ainda é inferior aos valores pagos à carne americana, que é livres de febre aftosa sem vacinação.