As plantas medicinais e aromáticas e os óleos essenciais foram tema de treinamento oferecido em 27 de julho de 2017, em São Paulo, pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) a professores dos cursos de Cozinha e Nutrição da Escola Técnica Estadual (ETEC) Prof. Camargo Aranha. A iniciativa faz parte de acordo de cooperação entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e o Centro Paula Souza para atualização do corpo docente das escolas técnicas paulistas. A ideia é que o conhecimento adquirido com pesquisadores da APTA seja replicado a 15 mil alunos das 35 escolas técnicas agrícolas do Estado.
O curso “Plantas Aromáticas e Óleos Essenciais” foi o segundo oferecido pela APTA a professores das ETEC. A ideia é que outros quatro sejam realizados até o fim de 2017, quando termina o acordo de cooperação. “As escolas nos passaram suas principais áreas de interesse. A partir disso, montamos um cronograma de cursos com o objetivo de transferir os conhecimentos da APTA para atualizar os professores e tornar os currículos dos colégios mais atrativos para que os alunos consigam uma melhor inserção no mercado de trabalho”, afirma Daniel Gomes, pesquisador da Agência e responsável pelo planejamento das atividades. A Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro) também participa do convênio.
A escolha do tema deste curso se deu pelo uso das plantas aromáticas, condimentares e óleos essenciais na gastronomia e no dia a dia da população. De acordo com Gomes, os 20 professores que participaram do treinamento teórico e prático oferecido pela APTA tiveram a oportunidade de conhecer mais de 20 espécies de plantas. “Eles puderam tocar, cheirar e experimentar, o que faz toda a diferença na hora do preparo de um prato em um restaurante”, explica Gomes.
Os professores conheceram o processo de extração do óleo essencial do tomilho, que foi usado para aromatizar azeites, óleos comuns e vinagre. “Os óleos essenciais têm um forte apelo na gastronomia e a sua extração é um processo simples, mas que agrega muito valor ao produto aromatizado e ao prato servido nos restaurantes”, afirma o pesquisador da APTA.
A identificação das espécies de plantas medicinais e aromáticas indicadas para amenizar sintomas de dor de cabeça e estômago, por exemplo, também foi tema do curso. Segundo a pesquisadora do Polo Regional de Pindamonhangaba da APTA, Sandra Maria Pereira da Silva, que ministrou o treinamento, nem sempre as pessoas sabem exatamente qual planta utilizar com segurança para resolver ou amenizar determinada dor ou doença.
“A diversidade de plantas medicinais e aromáticas é grande dentro de uma mesma espécie, assim como o nome comum das plantas se refere a diferentes espécies que apresentam propriedades medicinais distintas. Às vezes a pessoa toma chá de boldo mais utilizado para fins ornamentais, para o problema digestivo que tem, enquanto seria melhor o uso do boldo baiano. Abordamos essa temática no curso para que os professores conheçam essa diversidade e transmitam esse conhecimento aos alunos”, diz a pesquisadora.
A produção em campo das plantas medicinais e aromáticas foi outro tema abordado no treinamento. Sandra explicou aos professores que as condições de cultivo são fundamentais para preservação do sabor e princípios ativos das plantas e que o grande gargalo para a indústria é a perda do princípio ativo, decorrente de erros na produção e processamento de pós-colheita, como beneficiamento, desidratação e armazenamento. “As indústrias absorvem muito a produção dessas plantas, mas sem o princípio ativo, não conseguem obter bons produtos à base das plantas medicinais e aromáticas. Explicamos esse problema aos professores para que eles conheçam o processo de produção, o processamento e a sazonalidade dos produtos”, afirma.
Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, o convênio reforça o compromisso da Pasta com a transferência de tecnologia e formação de recursos humanos. “Estamos seguindo as orientações do governador Geraldo Alckmin, que tem grande entusiasmo pelos valores traduzidos no termo de cooperação, por acreditar na importância da agricultura e do incentivo à educação”, destaca.
Pesquisa e transferência de tecnologia
De acordo com Sandra, as plantas medicinais e aromáticas podem ser interessantes para diversificar a produção e aumentar a renda nas pequenas propriedades, por serem muito utilizadas na indústria farmacêutica, alimentícia e cosmética e terem alto valor agregado, sendo interessante para pequenos produtores.
A APTA orienta os agricultores a fazer o manejo correto destas culturas no campo, na colheita e na secagem. O objetivo é ensinar o produtor rural a levar para o processamento uma planta de boa qualidade, resultando em matéria-prima de alto teor de princípios ativos desejados.
Além do uso industrial, as plantas aromáticas e medicinais são interessantes para repelir determinadas pragas e doenças em outras culturas da propriedade. “Ao cultivar tomate, por exemplo, o produtor pode plantar alfavaca que irá repelir algumas pragas da cultura e atrairá insetos polinizadores. Algumas plantas medicinais e aromáticas são utilizadas, inclusive, para pulverização em hortícolas”, conta Sandra.
As pesquisas da APTA envolvem a transferência de tecnologia, manutenção de uma coleção com 60 espécies de plantas medicinais e aromáticas e o desenvolvimento de produtos naturais à base de óleos essenciais para o controle de ectoparasitas em animais. Os trabalhos são desenvolvidos no Polo Regional do Vale do Paraíba, em Pindamonhangaba.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA