Instituto Biológico desenvolve controle biológico do ácaro-rajado em morangueiro
Data da postagem: 23 Abril 2009
Estudo do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, propiciou um bom controle do ácaro-rajado em morangueiro no Estado de São Paulo, por meio da liberação de ácaros predadores da espécie Neoseiulus californicus. Isto possibilitou a manutenção da população do ácaro-rajado em níveis baixos na cultura, não havendo a necessidade de aplicações de acaricidas após o estabelecimento dos predadores no campo, diz o pesquisador Mario Sato.
Além do morangueiro, o ácaro-rajado (Tetranychus urticae) é praga séria também em culturas como crisântemo, rosa, pêssego, algodão e mamão. Com o estudo do Biológico, explica Sato, foi possível evitar pelo menos dez aplicações de acaricidas, em comparação a uma área com uso de apenas controle químico. Essa redução no número de aplicações levou a uma diferença significativa na freqüência de resistência a abamectina (e outros produtos), que foi significativamente menor na área de liberação dos predadores, na fase final da safra agrícola.
Um dos problemas associados ao uso indiscriminado de inseticidas e acaricidas é o desenvolvimento de resistência de pragas a produtos químicos, observa o pesquisador do IB. Para algumas pragas agrícolas, a magnitude da resistência chega a milhares de vezes. No caso de ácaro-rajado, observou-se resistência de aproximadamente 3.000 vezes para o acaricida fenpiroximato; de 350 vezes, para abamectina; e de 570 vezes, para clorfenapir, após poucas aplicações desses acaricidas.
Para fenpiroximato, por exemplo, a concentração necessária para matar os ácaros resistentes a esse acaricida foi duzentas vezes maior do que a concentração recomendada para o controle do ácaro-rajado em morangueiro no Brasil, revela Sato. Nesse caso, um aumento na concentração do produto, mesmo que da ordem de dezenas vezes, não seria suficiente para aumentar a eficiência do produto no campo, caso a população se torne resistente.
Algumas populações desse ácaro-praga mostram-se resistentes a quase todos os produtos registrados no mercado, causando muita dificuldade para o seu controle, informa o pesquisador do IB. Para algumas culturas como morangueiro, na qual poucos acaricidas são registrados, diversos agricultores não conseguem controlar o ácaro-praga nos meses finais da cultura, sendo forçados a eliminar antecipadamente a cultura do campo, implicando em consideráveis prejuízos econômicos.
Uma conseqüência da evolução da resistência é o aumento do número de aplicações, devido à redução da eficiência dos produtos químicos, diz Sato. Esse intenso uso de produtos químicos favorece ainda mais à evolução da resistência. Além disso, causa outros problemas como o desequilíbrio biológico, devido à eliminação de inimigos naturais; contaminação ambiental; risco de intoxicação dos agricultores; maior contaminação de alimentos e aumento do custo de produção.
Estratégias
Uma das principais estratégias de manejo da resistência de pragas a produtos químicos está relacionada à redução na frequência de aplicação de inseticidas e/ou acaricidas, explica o pesquisador. Nesse aspecto, a realização do monitoramento populacional de pragas pode ser uma ferramenta valiosa para o manejo da resistência. A utilização de produtos somente quando as densidades populacionais da praga estão acima do nível de dano econômico pode reduzir consideravelmente o número de aplicações contra as pragas, reduzindo assim a pressão de seleção com os agroquímicos.
Outra estratégia fundamental é a preservação de inimigos naturais nas áreas agrícolas. Os inimigos naturais podem manter a população da praga em baixas densidades por longos períodos no campo, não havendo necessidade de intervenções químicas durante esse período. Outro aspecto é que os inimigos naturais podem se alimentar tanto dos insetos (ou ácaros) suscetíveis como dos resistentes, podendo diminuir o número de organismos resistentes no campo.
O controle biológico pode ser de difícil uso, por falta de inimigos naturais eficientes, o que exige várias aplicações de inseticidas para o controle de uma praga. Mas devem ser evitadas aplicações repetidas de um mesmo produto ou de produtos com mesmo modo de ação, alerta Sato. Aplicações repetidas de um mesmo inseticida favorecem uma rápida evolução da resistência. Nesse caso, a rotação de produtos químicos de diferentes modos de ação pode ser uma boa alternativa, podendo retardar a evolução da resistência.
Para minimizar o problema da resistência de pragas a defensivos agrícolas, o pesquisador do IB defende um esforço em conjunto, entre produtores agrícolas, instituições de pesquisa e extensão rural, para a criação e implantação de estratégias efetivas para o manejo da resistência a defensivos.
Mais informações podem ser obtidas com o pesquisador Mário Sato pelo e-mail mesato@biologico.sp.gov.br.
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
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