O monitoramento de novilhas e bezerras é fundamental para o sucesso da pecuária de leite. O problema é que pequenos produtores, muitas vezes, não têm uma balança em sua propriedade e não conseguem fazer o monitoramento adequado do peso dos animais e, consequentemente, antecipar a idade do primeiro parto. Pesquisa realizada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), desenvolveu um método para estimar o peso corpóreo de bezerras e novilhas mestiças da raça Holandês-Gir, por meio do perímetro torácico. A técnica tem custo zero, quando comparada às balanças, e tem eficácia garantida.
De acordo como o pesquisador da Secretaria, que atua na APTA, Ricardo Dias Signoretti, o acompanhamento do ganho de peso das bezerras e das novilhas, principalmente, nas pequenas propriedades brasileiras ainda é pouco eficiente. “Uma maneira que facilita o manejo e que não acrescenta custo ao produtor é a implantação é o uso da fita bariátrica”, ressaltou.
A determinação do peso corporal tem aplicações práticas fundamentais na criação de novilhas leiteiras, como administração adequada de medicamentos parasiticidas, correto arraçoamento do animal e estabelecimento de metas relacionadas ao peso, à cobertura ou inseminação artificial e o parto. “Entretanto, a realidade econômica das fazendas leiteiras no Brasil, muitas vezes, não permite a aquisição de balanças para realizar a pesagem dos animais”, afirma Signoretti. A balança tem um custo acima de R$ 3 mil, dependendo da capacidade, e se for mecânica ou digital. O método da Apta pode ser usado por todos os produtores de bovinos de leite.
No mercado brasileiro, é possível encontrar fitas bariátricas que estimam o peso corporal com base no perímetro torácico, mas elas foram confeccionadas seguindo medidas e pesos de animais leiteiros de origem europeia, como o Bos taurus. “O rebanho nacional é constituído, em sua maioria, por animais mestiços, por isso, a pesquisa da Apta ajustou equações de predição para calibrar as fitas e estimar o peso corporal dos animais mestiços”, disse o pesquisador.
No estudo realizado pela Agência foram utilizados 447 dados de peso corporal e do perímetro torácico de 104 bezerras e novilhas mestiças, com idade e peso corporal variando de 5,9 a 33 meses e de 127,50 a 458 kg, respectivamente. “Trabalhos como esse são fundamentais para levar tecnologias para pequenos e médios produtores rurais. Seguimos a orientação do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, de produzir e transferir tecnologias e inovações para todos os perfis de produtores rurais”, afirmou Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Os animais foram pesados a cada 36 dias, em uma balança eletrônica, com capacidade de 1500 kg e passaram por medição de perímetro torácico – perímetro imediatamente caudal à escápula, passando pelo esterno e pelos processos espinhais das vértebras torácicas. Foram feitas medições com fita bariátrica, em três tomadas por avaliador treinado e o valor médio foi utilizado.
“A equação de regressão ajustada entre peso corporal médio em balança eletrônica em função do peso estimado do perímetro torácico foi Y= 4,7287, multiplicada pelo perímetro torácico. Neste número resultante, subtrai 441,86. O resultado indicará o peso do animal. A curva de regressão mostrou um elevado coeficiente de determinação e pode ser utilizada para estimar o peso corporal das bezerras e novilhas mestiças por meio do perímetro torácico”, explicou Signoretti.O pesquisador da Apta explica que o desenvolvimento corporal das fêmeas do rebanho leiteiro está diretamente ligado à rentabilidade dos pecuaristas. O objetivo desses produtores é que as bezerras ganhem o máximo peso possível, em um menor tempo, para que cheguem mais cedo à puberdade, diminuindo o tempo de recria dentro da propriedade. “Os custos de criação dos animais de reposição em rebanhos leiteiros é a segunda maior fonte de despesas em um sistema de produção, chegando a 25% dos custos da atividade”, disse o pesquisador.
Por Fernanda Domiciano
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