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Feijão perde espaço no prato do brasileiro

Tradicional na culinária nacional, o feijão está perdendo espaço no prato dos brasileiros. Levantamentos, como o da última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre os anos de 2002 e 2003, apontam que a aquisição alimentar anual per capita de feijão foi de 12,4 kg. Nas grandes metrópoles brasileiras a pesquisa indicou um consumo anual de apenas 9,22 kg per capita da leguminosa. Os dados apontam um decréscimo percentual de 37% no consumo do feijão em relação a 1975. Para se ter uma idéia da diminuição de consumo, na década de 60 era de 23 kg/habitante/ano no geral. Nas décadas de 70, 80 e 90 foram 20, 16 e 17 kg/habitante/ano, respectivamente. A pesquisa mostrou que, nos últimos 30 anos, a população também reduziu o consumo de outros gêneros tradicionais tais como arroz, batata, pão e açúcar aumentando, por exemplo, o consumo per capita de iogurte, que passou de 0,4 para 2,9 quilos ou de refrigerante sabor guaraná, que saiu de pouco mais de um quilo (1,7) por pessoa/ano para 7,7 quilos. Até o leite de vaca pasteurizado, que é o produto adquirido em maior quantidade pelas famílias (138 kg por pessoa, anualmente), teve seu consumo reduzido em 40%, tendo chegado a 62,4 kg em 1987. Já o consumo de água mineral saltou de 0,3 kg para 18,5 kg per capita por ano. O consumo não segue a mesma tendência de queda do arroz e do feijão. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, os preços destes dois produtos caíram 4,75% de janeiro a abril de 2007, a mais intensa redução em cinco anos para um primeiro quadrimestre. Mudanças sócio-econômica-culturais, como o maior gasto com refeições fora do domicílio, a atuação crescente da mulher no mercado de trabalho - e a consequente redução do tempo para preparar um prato demorado como o feijão -, e o aumento da renda, são alguns dos fatores apontados por estudiosos para explicar as mudanças nos hábitos alimentares dos brasileiros. "Atendo muitos pacientes que estão substituindo o feijão por carne, massas, porque são de preparo mais rápido. Uma outra substituição que está ocorrendo é pela soja, que apesar de ser um excelente alimento, não possui a quantidade de fibras do feijão. Outras pessoas preferem não cozinhá-lo por serem sozinhas ou a família ser pequena e a leguminosa estragar rapidamente. Outra justificativa é o mito persistente de que o feijão engorda", enumera a nutricionista Aliny Stefanuto. Na casa da pedagoga Cacilda Soares o feijão não faz falta."O arroz é imprescindível; já o feijão pode faltar no prato. Como passamos muito tempo fora de casa, o substituímos por uma comida de preparo mais rápido, como uma massa. À noite lanchamos". A família, composta de três pessoas, consome cerca de um quilo da leguminosa por mês. Apesar desta mudança de hábito alimentar, há famílias que fazem questão de comer feijão independente do dia da semana. "Consumimos feijão de seis a sete vezes por semana, e todo mundo reclama se não tiver na mesa", comenta a empresária Elizangela Damazio Galvagni. Na casa do enfermeiro Fábio Alexandre da Costa a leguminosa também não pode faltar."Somos em quatro e eu, particularmente, prefiro feijão a arroz, de preferência aquele com caldo grosso, bem temperado com bacon, calabresa". Alimento é fonte de ferro e fibras Fonte considerável de ferro, fibras e minerais como potássio e zinco, o feijão é um dos vegetais mais ricos em proteínas. ‘‘O ferro presente na leguminosa ajuda a prevenir a anemia; já as fibras auxiliam no bom funcionamento do intestino’’, aponta a nutricionista Aliny Stefanuto. De acordo com ela, a combinação do arroz com feijão é perfeita porque um complementa as deficiências do outro. ‘‘A proteína do feijão é rica no aminoácido lisina, pouco presente no arroz, e deficiente em metionina e cistina, os quais têm excelente fonte no arroz’’, explica. De acordo com Aliny, a proporção ideal é de três colheres de arroz para uma de feijão. ‘‘O prato possui a proporção certa de calorias e deve fazer parte também da dieta de quem deseja emagrecer. Se a pessoa só se alimentar com o grelhado e a salada sentirá fome rapidamente. Para quem está cansado de só comer o tradicional feijão cozido, a nutricionista sugere combinar diferentes tipos da leguminosa, como o preto, o branco, o carioca, e folhas verdes em uma gostosa salada. (C.V) Prato favorito dos robustos Os feijões estão entre os alimentos mais antigos, remontando aos primeiros registros da história da humanidade. Eram cultivados no antigo Egito e na Grécia, sendo, também, cultuados como símbolo da vida. Os antigos romanos usavam extensivamente feijões nas suas festas gastronômicas, utilizando-os até mesmo como pagamento de apostas. Foram encontradas referências aos feijões na Idade do Bronze, na Suíça, e entre os hebraicos, cerca de 1.000 a.C. As ruínas da antiga Tróia revelam evidências de que os feijões eram o prato favorito dos robustos guerreiros troianos. A maioria dos historiadores atribui a disseminação dos feijões no mundo em decorrência das guerras, uma vez que esse alimento fazia parte essencial da dieta dos guerreiros em marcha. Os grandes exploradores ajudaram a difundir o uso e o cultivo de feijão para as mais remotas regiões do planeta. (C.V.) Redação Fonte: Folha de Londrina

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