Projeto conduzido pela APTA impacta positivamente as pessoas que consomem semanalmente mil refeições servidas no local
Sustentabilidade do campo à mesa. Este é o objetivo do projeto de pesquisa conduzido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em Bauru, interior paulista. O trabalho busca analisar possíveis patógenos, parasitas e resíduos de defensivos agrícolas em alfaces produzidas na região e disponibilizadas para a população em situação de vulnerabilidade por meio da Cozinha Comunitária, a qual oferece refeições saudáveis e balanceadas a preços populares, de apenas R$ 1,00. Com o trabalho desenvolvido pela APTA, as pessoas que consomem semanalmente as mil refeições servidas no espaço têm a garantia de estar ingerindo um produto seguro. Paralelamente, as 600 famílias que adquirem as hortaliças diretamente do produtor onde a pesquisa está sendo realizada também são beneficiados com a oferta de hortaliças seguras.
Para o desenvolvimento do projeto de pesquisa, a APTA coletou amostras de compostos orgânicos usados na produção de alface, água utilizada na irrigação e lavagem das hortaliças, tanque de lavagem, caixas de colheita, mãos de manipuladores, utensílios e as próprias hortaliças durante seis ciclos produtivos. A coleta das alfaces foi realizada desde a colheita até a finalização do processo de higienização na cozinha comunitária.“Com a pesquisa está sendo possível obter o diagnóstico e buscar melhorias no processo produtivo, visando à produção de hortaliças seguras”, afirma Maria Cecília de Arruda, pesquisadora da APTA. A Cozinha Comunitária foi instalada com recursos do Governo Federal na cidade, com contrapartida da Prefeitura Municipal de Bauru.
A pesquisa foi desenvolvida com um produtor rural de olerícolas, com certificação orgânica, e na Cozinha Comunitária. Com o estudo foi possível fazer um monitoramento microbiológico e as Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) na cadeia produtiva da alface orgânica, além da capacitação e conscientização dos produtores para implementação de Boas Práticas Agrícolas (BPA) e Boas Práticas de Manipulação (BPM), as quais contribuem para a garantia da segurança dos produtos.
A saudabilidade dos alimentos é um dos objetivos apresentados no macro programa Cidadania no Campo 2030, em que a Secretaria de Agricultura visa proporcionar ações de educação para toda a cadeia produtiva, visando a produção de alimentos seguros.
Segundo a pesquisadora da APTA, a pesquisa detectou falhas no composto orgânico (contaminação microbiológica acima do limite permitido pela legislação), nos procedimentos de colheita e pós-colheita e a necessidade de ajustes na higienização das hortaliças e utensílios utilizados na Cozinha Comunitária. “Identificamos essas falhas e necessidades e trabalhamos junto a produtores e profissionais que atuam na Cozinha para resolver essas questões, melhorando a produção e reduzindo o risco de contaminação”, afirma Maria Cecília.
O próximo passo do projeto é auxiliar os pequenos agricultores da região de Bauru a diversificarem a produção olerícola utilizando as Boas Práticas Agrícolas, principalmente no uso de composto orgânico maturado, uso adequado e racional de defensivos e fertilizantes, no controle da qualidade da água de irrigação e na adoção de Boas Práticas de Manuseio Pós-Colheita. “Também queremos auxiliar os agricultores na abertura de novos canais de comercialização, como nas cozinhas institucionais”, diz a pesquisadora.
Conhecimento ao produtor
Os pesquisadores da APTA também têm atuado na disseminação de conhecimento aos produtores rurais em parceria com a Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), por meio da regional de Bauru, realizando cursos de capacitação aos produtores rurais com foco nas Boas Práticas Agrícolas, a manipuladores de alimentos com foco em Boas Práticas de Fabricação e à comunidade que frequenta a Cozinha Comunitária com foco na profissionalização.
“O projeto tem possibilitado a transferência de conhecimentos e troca de experiências com extensionistas, pesquisadores e produtores rurais e a interação das ações de extensão e pesquisa em prol do pequeno produtor, além da busca da melhoria contínua em todo o processo produtivo da Cozinha Comunitária de Bauru. Temos ainda como desafio possibilitar que a Cozinha Comunitária adquira seus produtos olerícolas de um grupo maior de agricultores familiares, pois atualmente tem adquirido de um único fornecedor. Outro desafio é possibilitar a compra de olerícolas raízes, como por exemplo, cenoura e beterraba que atualmente não são adquiridos de agricultores familiares”, conta Maria Cecília.