Um perfil detalhado do consumidor paulistano de café fora do lar
Data da postagem: 29 Fevereiro 2008
A falta de hábito em consumir café, por parte dos jovens paulistanos antes de entrar no mercado de trabalho, e a substancial queda no consumo fora do lar por parte das pessoas com idade acima dos 60 anos são constatações do estudo Hábitos e preferências do consumidor de café fora do lar, publicado na revista Varejo Competitivo (Volume 12), da Saint Paul Editora. O artigo é de autoria dos pesquisadores Celso Luis Rodrigues Vegro, Roberto de Assumpção e Francisco Alberto Pino, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Entre as razões para a redução no consumo de café entre as pessoas idosas, são apontadas a dificuldade de locomotividade e a queda na renda disponível. Porém, a verdadeira causa do surgimento dessa abstenção decorre do estado de violência existente nos grandes centros urbanos, nos quais os idosos são aqueles que mais padecem por serem vítimas fáceis da marginalidade, afirmam os autores da pesquisa.
Os pesquisadores verificaram, ainda, que há um aumento no nível de participação das pessoas que tomam a bebida fora de casa à medida que se eleva o nível de escolaridade. Das pessoas sem instrução, apenas 23% declararam que bebem café fora do lar e esta proporção foi se elevando até atingir o máximo de 78% entre as pessoas com nível superior completo.
Associado a isso está a relação entre a elevação da renda e o aumento do número de pessoas que apreciam a bebida. Os resultados obtidos apontaram que, entre as pessoas que ganham até R$ 900,00 mensais, apenas 53,8% declararam que bebem café fora do lar, percentual que se eleva continuamente e atinge o valor máximo de 87,5% entre aqueles que ganham mais de R$ 6.000,00, dizem os pesquisadores.
Café de coador
A pesquisa sobre o café degustado fora do lar aponta para um hábito de consumo no qual predomina o café puro, preparado por meio de coador. Em termos quantitativos, a cada quatro xícaras de café servidas na cidade de São Paulo fora do lar, três são pelo modo de preparo coado, enquanto apenas uma é do tipo expresso, o que denota presença marcante do tipo coado, observam os pesquisadores.
Porém, 71,5% dos apreciadores de café que consomem o coado fora do lar declararam que há uma predileção por esse modo de preparo, enquanto 25,3% disseram que preferem o expresso, embora habitualmente consumam o coado. Ocorre o inverso no caso dos clientes do modo de preparo expresso; ou seja, a preferência de 64% deles é por esse tipo de preparo, ao passo que os outros 27,8% têm sua predileção pelo coado. O hábito de beber o café preparado utilizando o coador, predominante entre os paulistanos, ocorre principalmente nas padarias e nos bares.
Os pesquisadores do IEA concluem que o expresso já começa a ter presença relevante entre os apreciadores na principal segmentação do mercado de café paulistano, ao lado da bebida coada. A evolução da preferência pelo expresso é assombrosa, uma vez que, em pouco mais de quinze anos, deixou de ser um produto antes encontrado exclusivamente nos aeroportos e em excepcionais locais (por exemplo, Café Floresta do Edifício Copam), para, atualmente, estar presente em quase todos os distritos comerciais da cidade de São Paulo.
Considerando que, quanto mais qualificado é o público, tanto melhor deve ser a bebida, os pesquisadores defendem que o foco para garantir o sucesso de vendas de café está ligado à opção pelos segmentos existentes (expresso e coado), à profissionalização no tratamento com o mercado e às técnicas modernas de marketing orientadas para o perfil do público-alvo que se quer atingir.
O estudo conclui que a estimativa de consumo de 25 milhões de xícaras fora do lar ao dia coloca a cidade de São Paulo em posição de destaque no mundo, atrás apenas de Nova Iorque. Portanto, além de maior produtor e exportador de café in natura, segundo maior consumidor da bebida no mundo, o Brasil pode se arvorar com o título de possuir a capital do café do Hemisfério Sul.
A revista Varejo Competitivo é uma realização da Fundação Instituto de Administração (FIA) e do Programa de Administração de Varejo (Provar), com o patrocínio da Canal Varejo - Consultoria Mercado de Bens e Serviços.