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Etanol norte-americano feito do milho reduz oferta e aumenta preços dos alimentos

A política dos Estados Unidos de produzir etanol a partir do milho levou à redução na oferta e ao aumento nos preços dos alimentos, com o agravamento da fome nos países mais pobres, dependentes de importação de grãos. Enquanto no Brasil o etanol é produzido a partir da cana-de-açúcar, que é um “condimento”, nos Estados Unidos a matéria-prima utilizada é o milho, que é um “alimento”, afirma o pesquisador José Sidnei Gonçalves, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Gonçalves é autor, juntamente com Sueli Alves Moreira Souza, do artigo “Efeito reverso: impactos da política norte-americana de biocombustíveis sobre os preços de alimentos no Brasil”. Na crise atual dos alimentos, a produção de energia pelos EUA a partir do milho causou um impacto negativo na oferta de alimentos, tornando-os mais caros. Essa política norte-americana de produzir o etanol tendo o milho como matéria-prima levou alguns países, como o Haiti, e a América Central a passarem por convulsões sociais, dizem os pesquisadores do IEA. Isto porque, “ao retirar da destinação parte do milho e utilizá-lo para produção de energia, os EUA exportam menor quantidade do produto”. De outro lado, parte da área da soja norte-americana foi substituída pelo milho, causando impacto nos preços internacionais de alimentos. Enquanto isso, “em nações emergentes, com grande contingente populacional como China e Índia, aumentaram a demanda por esses produtos”, explicam. “Na questão do impacto sobre os preços dos alimentos, a produção de etanol de milho como no programa norte-americano implica a retirada de parcelas elevadas de produto do mercado com impactos diretos em toda cadeia de grãos, como a soja, o trigo e mesmo o arroz”. O resultado é que outros alimentos básicos, como o pão e o leite, também tiveram seus preços elevados. “Esses mecanismos de mercado estão interligados”, afirmam os autores do trabalho. Como reflexo disso, alguns países fornecedores aumentaram as taxas de exportação para proteger seus consumidores, criando mais distorção no mercado. Diante disso, mesmo as cotações de grãos, cujas colheitas bateram recorde nos últimos anos no Brasil, tiveram impacto nos preços internos dos alimentos. Assim, o Brasil, mesmo tendo uma política de biocombustíveis que não substitui a produção de alimentos, não está livre dos reflexos da crise de preços desses produtos, “Isso porque nem mesmo o Brasil está imune aos impactos da política norte-americana de produção de etanol a partir do milho. E os efeitos não são todos benéficos, embora os impactos sobre os preços dos alimentos aqui estão longe de alcançar a dramaticidade vivida nos países cuja alimentação se dá à base de milho e outros cereais”, concluem os pesquisadores . História - Na década de 1970, quando houve a implantação do Programa Nacional do Álcool (PRO-ÁLCOOL), ocorreu expansão dos plantios da cana-de-açúcar para produção de álcool combustível, substituindo lavouras destinadas à alimentação e ao vestuário, relatam os pesquisadores do IEA. A partir dos anos 1980, houve a reorganização da produção em outras regiões e o aumento da produtividade pela utilização de novas tecnologias. Na mesma época, “os movimentos contra a carestia reverberaram os impactos do Programa Nacional do Álcool (PRO-ÁLCOOL) na produção de alimentos”. Nos anos 1990, a oferta de alimentos voltou a crescer, “após amplo processo de reestruturação produtiva envolvendo várias atividades”. A lavoura de feijão, por exemplo, concentrou-se inicialmente no sudoeste paulista, cultivada em bases modernas. “Depois, essa base técnica irradia-se pelo Brasil num processo de estruturação de safras complementares em regiões especializadas”. O artigo foi publicado na revista Informações Econômicas (edição de julho/2008), cuja versão eletrônica já está disponível no site www.iea.sp.gov.br. José Venâncio de Resende/Maitê Laranjeira da Silva Assessoria de Comunicação Social da APTA (11) 5067-0424

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