“Aquecimento global e a pesca” é o tema da apresentação do pesquisador Acácio Ribeiro Gomes Tomás, do Instituto de Pesca (IP-APTA), a partir desta quarta-feira (dia 9) no Blog da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (www.agriculturasp.blogspot.com). A presença de Acácio pode ser conferida tanto por meio de entrevista (áudio) quanto de apresentação em power point (slides).
“As correntes marinhas e os ventos são forças que promovem o balanceamento térmico do planeta”, diz Acácio Tomás. “O acompanhamento das medidas de temperatura é uma das principais formas de avaliar o equilíbrio do planeta. Com o aquecimento das águas do mar, haverá uma nova acomodação do planeta em busca de um novo equilíbrio térmico, o que obviamente promoverá modificações nos padrões de distribuição de ventos e correntes, para melhor distribuir a energia necessária a essa regulação térmica.” Segundo o pesquisador do IP, a produtividade da pesca sempre esteve - e continuará - relacionada ao clima. “Por quê? Em relação às populações de organismos terrestres, as populações marinhas são mais numerosas, apresentam maior fecundidade, em grande parte possuem elevada dispersão de ovos e larvas e, por conta disso, apresentam maior dependência das condições para efetuar essa dispersão, ou seja, por correntes oceânicas.”
A pressão pesqueira tem reduzido a população dos grandes predadores e a pesca tem se voltado a espécies de menores dimensões, observa Acácio Tomás. “Por sua vez, estas espécies dependem mais diretamente de organismos planctônicos, que, por sua vez, estão mais associados com a distribuição dos nutrientes pelas massas d’água. Dessa forma, a abundância e a biomassa de diversas espécies de interesse pesqueiro variam de acordo com as condições ambientais, particularmente no que se refere à temperatura. E justamente essas interações garantem melhores ou piores épocas de pesca.”
”Porém, não é tarefa das mais fáceis tentar identificar quando são as condições ambientais ou a pressão pesqueira que afeta o tamanho da população. O que se considera em geral são efeitos aditivos. Alguns autores sugerem que a sensibilidade de populações sob forte pressão pesqueira seria maior frente a variações climáticas. Um dos casos que mais nos fascina é relativo ao Fenômeno ENOS (El Niño-Oscilação Sul). Embora tenha seu centro de atuação no Pacífico, com o aquecimento anômalo das águas fruto de ação de ventos em alta atmosfera, apresenta reflexos em todo hemisfério sul e até mesmo em boa parte do hemisfério norte.”
Com base nisso, boas capturas podem ser realizadas com relativo sucesso, desde que esses fenômenos possam ser adequadamente previstos, o que ainda é difícil, alerta o pesquisador do IP. “Cientistas brasileiros têm apontado que anos de ocorrência de La Niña - fenômeno antagônico ao El Niño e que junto à costa sul brasileira reduz a penetração de frentes frias de modo a ampliar a possibilidade de ressurgências de águas frias, mais comuns no verão, em meses de inverno – têm gerado maior produtividade primária e consequente melhores condições de sucesso no recrutamento de diversas espécies que se alimentam de plâncton e sucessivamente de toda a teia alimentar, gerando maior produtividade para a indústria pesqueira das regiões Sudeste e Sul do Brasil.”
De acordo com Acácio, situações semelhantes ocorrem no hemisfério norte, “com a nominada Oscilação do Atlântico-Norte como também decorrentes de mudanças de escala deceniais ou mesmo seculares, estas últimas com base em registros em camadas estratigráficas sedimentares. Mesmo espécies utilizadas para a produção do bacalhau, intensamente estudadas, passaram por efeitos negativos do clima em seu recrutamento, que afetaram o tamanho de suas populações”.
Diversos projetos de pesquisa de cunho mundial avaliam aspectos da circulação oceânica e interações oceano-atmosfera, conta Acácio. “Com isso, o aquecimento global poderá ampliar zonas oceânicas com menor taxa de oxigenação (por menor solubilidade), o que certamente reduziria o alimento disponível em toda a teia trófica marinha, desde o fitoplâncton até os grandes mamíferos. A modificação da distribuição de energia nos oceanos tende a ampliar a magnitude de fenômenos naturais. Isso afetará a distribuição dos organismos, podendo facilitar a extinção de algumas espécies menos tolerantes. Mudanças na distribuição de energia poderão inclusive trazer até a superfície águas quase anóxicas presentes em profundidade, provocando por muito tempo ações danosas à reproducibilidade dos recursos pesqueiros, de modo que a atividade pesqueira poderá ser drasticamente reduzida.”
Contato com o pesquisador Acácio Tomás pode ser feito pelo e-mail argtomas@pesca.sp.gov.br.
Link: íntegra do artigo “Aquecimento global e a pesca”
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