O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR), que mede os preços pagos ao produtor, fechou novembro com alta de 1,85%, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O índice de preços dos produtos de origem animal subiu acima da média, ou seja, 3,58%. Já o índice de preços dos produtos de origem vegetal apresentou variação positiva de 1,20%.
No acumulado de 12 meses, o índice geral aumentou 15,19%, puxado pelo índice de produtos vegetais (alta de 19,33%). Já o índice de preços dos produtos de origem animal subiu apenas 3,19%, segundo os pesquisadores Luis Henrique Perez, Danton Leonel de Camargo Bini, Eder Pinatti, José Alberto Angelo e José Sidnei Gonçalves.
Entre os preços levantados em novembro, nove produtos apresentaram alta de preços (seis do setor vegetal e três do segmento animal), enquanto 11 sofreram queda (oito da área vegetal e três produtos de origem animal). As altas mais expressivas ocorreram nos preços da laranja para mesa (14,86%); do feijão (7,71%); do amendoim (7,62%); da carne bovina (5,91%); da laranja para indústria (5,82%) e do arroz (5,04%).
A entressafra e os primeiros dias quentes reverteram as expectativas para os preços da laranja de mesa, que agora tendem a se elevar com a entrada do verão num horizonte até o começo da próxima safra, dizem os analistas do IEA. Os preços da laranja para indústria, prosseguem os especialistas, também mostram viés de alta no final da colheita, por sofrerem os impactos da desvalorização cambial que afetam os contratos.
Já o atraso no plantio da safra das águas de feijão, por fenômenos climáticos, resultou em escassez conjuntural em novembro e possivelmente em dezembro, observam os pesquisadores. A expectativa de reversão da alta dos preços depende dos volumes e do momento em que efetivamente se inicie a oferta.
Por sua vez, os preços elevados do amendoim em pleno plantio refletem a escassez relativa do produto neste período do ano. Esta tendência deverá ser estendida até o prenúncio da próxima colheita.
No caso das carnes de frango e bovina, a análise do IEA aponta incrementos das vendas externas numa situação de atraso na oferta interna. Quanto ao frango, não houve reposição de quantidade suficiente de pintos para garantir aumento da produção. Já a redução do número de animais para o abate, associada à proximidade das festas de final do ano, contribui para a tendência altista dos preços da carne.
E as majorações nos preços do arroz derivam dos movimentos do câmbio, dado que o abastecimento interno ocorre principalmente pela importação de produto, nesse período do ano, devido à inviabilidade de carregar estoques com a magnitude da taxa de juros vigente.
As quedas mais significativas foram verificadas nos preços da banana nanica (6,28%); da batata (5,75%); do algodão (4,41%) e do café (2,82%).
Acumulado de 12 meses
No acumulado de 12 meses, o geral de preços (15,19%) é sustentado pelos maiores preços da cana (+38,71%), ou seja, sem a cana o índice fecha negativo em 1,97%, dizem os pesquisadores do IEA. “Isso fica claro quando se avalia o IqPR-V (vegetais), cujo acumulado tem alta de 19,33% e, sem a cana, fica com variação negativa de 8,87%.”
Fica nítido, analisam os técnicos, o sucesso da estratégia de proteção de margens típicas de economias de oligopólios, praticada pelos agentes econômicos da cadeia de produção de açúcar e álcool na entrada da safra em março de 2011 quando realinharam os preços da cana. “Tanto assim que, através da análise da variação mensal dos índices de preços agropecuários nos últimos 12 meses, se verificam comportamentos distintos, ou seja: os produtos vegetais crescem até maio de 2011 com salto, em decorrência do reposicionamento da cana na entrada da safra. Desde então, mostra-se queda bruta em junho-julho, com manutenção de patamar desde então.”
Já os produtos animais mostram desempenho errático, com idas e vindas, de novembro de 2010 a abril de 2011. De abril até junho último, os preços apresentam queda expressiva, seguida de alta puxada pela carne bovina na entressafra e pela carne de frango devido às altas cotações internacionais. Os preços agrícolas mostram queda em setembro e ascensão em outubro, numa realidade em que todos os índices convergem para cima no novo ciclo de aumento, explicam os pesquisadores do IEA.
No acumulado de um ano, os maiores incrementos ocorreram nos preços do tomate para mesa (127,33%); da cana-de-açúcar (38,71%); do café (38,62%); do leite C (19,85%); do milho (18,49%); do leite B (15,24%); dos ovos (14,59%); da carne de frango (13,04%); do amendoim (11,66%) e da banana nanica (7,1%), todos eles em patamar mais elevado do que a inflação medida pelo IPCA-IBGE.
Já as reduções mais expressivas foram verificadas nos preços da laranja para mesa (-43,16%); da laranja para indústria (-37,52%); da batata (-34,2%); da carne suína (-19,93%); do feijão (-14,34%); do arroz (-11,87%); da carne bovina (-6,26%); da soja (-4,01%) e do trigo (-1,4%).
Em síntese, nos últimos 12 meses, a análise do IEA aponta que um conjunto de 10 produtos (entre 19 que compõem o índice) apresenta preços atuais maiores, enquanto outro conjunto de nove produtos tem preços inferiores. “Logo, na totalidade, os preços agropecuários mostram viés de alta comparativamente às cotações do ano anterior”, concluem os pesquisadores.
A íntegra da análise está disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=12247
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
Camila Amorim/Eliane Christina da Silva (estagiárias)
(11) 5067-0424