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Ovinocultura, piscicultura e fruticultura: novas opções para agricultura familiar no Vale do Paranapanema

Novas oportunidades surgem para a agricultura familiar no Médio Vale do Paranapanema, com a ampliação do leque de atividades para setores como ovinocultura, piscicultura e fruticultura. É o que revela o pesquisador Ricardo Augusto Dias Kanthack, diretor do Polo Médio Paranapanema/APTA Regional, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA-SP). “Ainda predomina a produção de grãos (soja e milho safrinha), e a mandioca está presente em mais de 70% dos estabelecimentos produtivos. Os grãos e as atividades mencionadas ocupam importância sócio-econômica diferenciada, embora a cana ainda seja predominante em área.”
O Polo Regional, diz Kanthack, tem se esforçado para apresentar alternativas aos produtores, que respondem prontamente. “A banana hoje é uma realidade na região devido aos trabalhos realizados pela Unidade.” Uma Associação dos Bananicultores auxilia no gerenciamento de área de agricultura irrigada sustentável em Palmital, em parceria com o Instituto Florestal (IF) e a Prefeitura Municipal. “A Área hoje é referência para essas atividades, são cerca de 40 hectares com soja, milho, aveia, mandioca... Além dos experimentos lá realizados, também fazemos muitas atividades de fomento. Estamos trabalhando nesse local também com pêssegos e uvas, além de maçã em Tarumã.” Os trabalhos são coordenados pelo pesquisador Sergio Doná.
Na área de grãos, Kanthack menciona, entre os parceiros do Polo Regional, as empresas produtoras de sementes de milho que atuam no Estado de São Paulo. Estas empresas participam do projeto de avaliação de cultivares e híbridos, trabalhos estes viabilizados pela FUNDAG (Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola). No caso de soja, trigo e outros cereais de inverno, o Polo Regional recebe o suporte de instituições como Moinho Nacional, Cooperativa dos Cafeicultores e Plantadores de Cana da Média Sorocabana (COOPERMOTA) e Cooperativa Agropecuária de Pedrinhas Paulista (CAP).
Ainda em relação aos grãos, é importante citar os trabalhos de pesquisa e difusão de tecnologias sobre plantio direto e sucessão soja/milho safrinha no Médio Vale do Paranapanema, fruto de parceria do Polo Regional com Instituto Agronômico (IAC-APTA), Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e setor privado. O plantio direto contribui no aumento da produtividade da sucessão soja/milho safrinha, desde que haja emprego da rotação de culturas, cultivares adequados e monitoramento do desenvolvimento das plantas e das propriedades do solo, dizem os especialistas. Eles recomendam semeadura da soja em outubro (antes do milho safrinha), em condições favoráveis de umidade e temperatura; manejo do solo por meio do plantio direto (melhora o aproveitamento de água no solo); e utilização de alternativas de outono-inverno e de verão (interrompe a monocultura soja/milho safrinha).          
Quanto à mandioca, são realizados cerca de 10 ensaios de avaliação de cultivares e de novos clones promissores para mandioca de indústria e consumo humano nas propriedades dos produtores. Os trabalhos contam com a participação do segmento industrial da região, como Ciral-Tereos (antiga Halotek Fadel), Gabi, Lótus e Alcir Baldo. “A Coopermota nos auxilia na divulgação dos dados e doação de insumos. A CAP-Pedrinhas Paulista é parceira para a mandioca de mesa”, informa Kanthack que cita ainda a Associação de Pequenos Produtores de Assis e Região.
No setor de cana-de-açúcar, o Polo Regional tem parceria com as empresas Nova América (antiga Usina e agora fornecedores da Raízen em Tarumã) e Agroterenas (fornecedores) e as usinas Zilor Quatá, Raízen Ipaussu e Grupo Alto Alegre, atuando em sintonia com o grupo fitotécnico coordenado pelo Centro de Cana do IAC.  “É um grupo eclético no qual se discutem vários assuntos pertinentes à cadeia da cana.”
No setor de ovinocultura, Kanthack ressalta que formulação feita por pesquisadores do Polo Regional, e processada pela Coopermota, foi a que obteve melhor desempenho para ovinos até o presente. Os trabalhos contam com o apoio da Associação de Ovinocultores (ASPROVALE), além das cooperativas da região.
Kanthack cita ainda a parceria com universidades regionais, como a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), em trabalhos com plantas medicinais; a Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista (ESAPP) e a Universidade de Marília (UNIMAR), entre outras, e com fundações como Sungi Nishimura, Fundag e Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa Agropecuária (FUNDEPAG).
Na piscicultura, a cada ciclo de produção, avançam a qualidade e a eficiência do manejo, o que tem incentivado bastante as criações. Em parceria com o Centro de Desenvolvimento Agropecuário do Médio Vale do Paranapanema (atual CDVale), o Polo Regional e o Instituto de Pesca (IP-APTA) atuam na transferência de tecnologias, por meio de dias de campo, cursos e palestras, além do atendimento a aquicultores e outros interessados. 
Estudo desenvolvido no Polo Regional – abrangendo 20 municípios da área do Consórcio Intermunicipal do Vale do Paranapanema (CIVAP) – aponta a existência de 360 propriedades de piscicultura e 378,8 hectares de espelho d´água (1,05 hectare/propriedade). Os peixes redondos (pacu, patinga e tambacu) são os mais cultivados pelos piscicultores no sistema de criação em viveiros escavados (60% da produção), seguidos da tilápia (21,6%), piauçu (6,2%) e as demais espécies (12,5%). As informações constam do trabalho “Panorama da piscicultura no Estado de São Paulo”, dos pesquisadores Luiz Marques da Silva Ayroza e Daercy Maria Monteiro de Rezende Ayroza, disponível no site www.aptaregional.sp.gov.br.     
Eventos e treinamento
Os trabalhos com o setor privado estendem-se à realização de eventos e treinamento, lembra Kanthak.  “São fundamentais as parcerias das empresas de maquinário para suporte nos dias de campo e outros eventos de difusão de tecnologias.” Ele cita ainda empresas produtoras de insumos como Syngenta, Basf, produtoras de adubos (Yara) “As parcerias são muitas e efetivas.”
Nesse contexto, Kanthack destaca ainda o trabalho de longa data com a CATI, principalmente nos ensaios de avaliação de cultivares das várias culturas. “Trabalhamos muito em eventos de treinamento e capacitação dos técnicos da CATI, além de outros para diagnósticos de demandas e ações e diretrizes de trabalhos da SAA para a região.”
Quatro eventos são realizados anualmente no Polo Regional há cerca de 20 anos, destaca o pesquisador Paulo César Reco. São eles: visita técnica aos experimentos de milho (janeiro/fevereiro); reunião técnica de milho (maio); visita técnica aos experimentos de milho safrinha (junho/julho) e reunião técnica de milho safrinha (novembro).
Por meio das “visitas técnicas”, técnicos das empresas de sementes de milho (parceiras do projeto via FUNDAG e inicialmente via CDVale) e agrônomos das redes pública (CATI) e privada (revendas e empresas de assistência técnica) e das cooperativas podem conhecer os experimentos de desempenho agronômico dos híbridos avaliados, relata Reco. Já as “reuniões técnicas” são destinadas à divulgação dos resultados da experimentação de milho e de milho safrinha aos pesquisadores, técnicos agrícolas, agrônomos e demais interessados no agronegócio do milho. Sempre na programação do evento, procura-se incluir palestras técnicas sobre assuntos “do momento” e gerar discussão sobre os principais fatos ocorridos durante a safra, bem como gerar discussão entre os técnicos participantes, visando gerar novas demandas.
Além disso, Reco cita a recente criação do evento anual sobre ovinocultura. O “III Encontro de Ovinocultores do Médio Paranapanema” está programada para 2013. Já a também recente “Reunião Fitotécnica de Cana-de-Açúcar”, de periodicidade bianual, teve sua segunda edição realizada este ano. Anualmente, realiza-se ainda um workshop sobre aquicultura/piscicultura e, ultimamente, tem-se promovido dias de campo sobre o consórcio de milho safrinha com capins, divulgando assim os resultados obtidos com experimentação regional sobre o tema.
Reco revela ainda que o primeiro seminário sobre a cultura do milho safrinha foi realizado em Assis em 18 de fevereiro de 1993, numa iniciativa da antiga Estação Experimental (atual Polo Regional) e do antigo CDV. O atual CDVale financiou parcialmente o evento que, na época, foi coordenado pelo pesquisador Aildson Pereira Duarte. As quatro primeiras edições do seminário foram realizadas em Assis, a quinta em Barretos e a sexta em Londrina. A partir da sétima edição, o evento tornou-se seminário nacional de milho safrinha, realizado periodicamente e ininterruptamente nos anos ímpares em regiões produtoras do Brasil.     
Histórico
O Polo Regional Médio Paranapanema tem tradição em trabalhar com o setor privado. Na década de 1980, a antiga Estação Experimental do IAC já desenvolvia trabalhos com trigo e outros cereais de inverno, sob a coordenação do pesquisador Carlos Eduardo de Oliveira Camargo (falecido), em parceria com as cooperativas CAP-Pedrinhas Paulista, fundada por imigrantes italianos, Coopermota-Cândido Mota, composta por pessoas originárias da própria região, e a extinta Cooperativa da Colônia Rio Grandense (imigrantes de origem alemã).
Segundo Kanthack, os projetos eram financiados com o aval das cooperativas e recursos da então CETRIN-BB (antiga comissão para compra de trigo, vinculada ao Banco do Brasil), que arrecadava um percentual do trigo comercializado no Brasil para uso em tecnologias agrícolas. Além do melhoramento genético, avaliavam-se cultivares em plantio de sequeiro, irrigação, diferentes adubações e ambientes e verificava-se a susceptibilidade quanto às principais doenças e pragas. “Vários cultivares de expressão foram lançados com valor agregado, e os principais avanços foram obtidos quanto à tolerância ao Alumínio tóxico e incorporação de genes de baixa estatura, evitando o acamamento, bem como a toxicidade aguda do Al3+, tão comum nos solos tropicais brasileiros.” Com a extinção da CETRIN-BB no Governo Collor, o convênio terminou e os trabalhos de trigo e outros cereais de inverno foram interrompidos na região.
No início da década de 1990, as três cooperativas fundaram o CDV, com o objetivo de planejar e apoiar o desenvolvimento econômico e social da região. Entre os objetivos do CDV, estava o de apoiar a pesquisa agropecuária. A entidade (hoje, mais conhecida como CDVale) teve papel fundamental no financiamento de projetos de avaliação de cultivares de milho e soja, bem como de épocas e densidade de semeadura das duas culturas. “Isto foi de suma importância para o desenvolvimento da cultura do milho safrinha na região e para a antecipação da semeadura da soja para o mês de outubro, permitindo a colheita a tempo de semear o milho safrinha em fevereiro/março”, explica Reco.
Outra atividade contemplada foi a piscicultura. O CDVale, em parceria com o Instituto de Pesca (IP), verificou, em levantamentos nas propriedades rurais do Médio Paranapanema, a existência de cerca de 3.000 hectares de várzeas passíveis de aproveitamento, demonstrando o grande potencial de instalação de projetos de piscicultura na região.       
Outros trabalhos, revela Kanthack, foram realizados em parceria com o então Consórcio Intermunicipal do Escritório Regional da Região de Assis (CIERGA), voltados para a classificação dos solos do Médio Paranapanema em função da grande necessidade de práticas conservacionistas e dos descaminhos a que os solos eram submetidos pelos produtores da região. “O CIERGA foi encabeçado, tecnicamente, pelo engenheiro agrônomo Hugo de Sousa Dias e, politicamente, pelo prefeito José Santilli Sobrinho do Município de Assis. Os municípios se cotizaram e foi possível a contratação de dois especialistas, que sob as orientações do pesquisador Hélio do Prado (IAC) possibilitou o mapeamento dos solos do Médio Paranapanema.” O Consórcio viabilizou inclusive a ida para a região de um pesquisador do Instituto de Pesca (IP) para ações de pesquisa nesta área.
O CIERGA acabou por transformar-se no CIVAP, com mais de 20 municípios associados e de grande ação e referência para outras associações, informa Kanthack. “Atualmente, o CIVAP atua como órgão político para o atendimento das prefeituras dos municípios, e tem apoiado até hoje as ações do Polo Regional Médio Paranapanema.”
O CIVAP coordenou, por exemplo, audiência pública sobre o Código Florestal para discutir proposta do Médio Paranapanema, conta Kanthack. “Recentemente, juntou mais de 800 produtores no Cine Municipal de Assis, quando a proposta foi apresentada por um pesquisador do Polo Regional. Inúmeros trabalhos e ações tem sido realizados em conjunto.”

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Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
(11) 5067-0424

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