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Índice pluviométrico, cotação do dólar e o preço do boi gordo

Câmbio e chuva estão entre as principais variáveis que definem o preço do boi gordo. Estudo recente do pesquisador Eder Pinatti, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, indica que o preço do boi gordo é influenciado pelo dólar comercial e pela precipitação pluviométrica. A pesquisa foi realizada com base em dados levantados no período de 1995 a 2006. “As informações do mercado, principalmente o comportamento dos preços, são indispensáveis para o correto planejamento da atividade agrícola e imprescindíveis para a manutenção da lucratividade”, diz Pinatti. “Os fatores de produção (recursos naturais) influenciam a qualidade, a produtividade e o volume de produção dos produtos agrícolas. Os fatores naturais, principalmente os climáticos, são os que mais influenciam a atividade agropecuária, pois são de difícil controle pelo homem”, acrescenta. Além disso, os fatores macroeconômicos (de mercado) influenciam todas as atividades econômicas, principalmente as agrícolas, observa o pesquisador do IEA. “A taxa cambial (real por dólar americano) é um fator importante, já que muitos produtos agrícolas, chamados de commodities, são cotados em dólar, e outros têm parte de sua produção exportada” diz Pinatti. O índice pluviométrico faz com que, na época de seca, o preço do boi gordo suba, porque cai a produtividade dos pastos, diz o pesquisador. Devido à falta de chuva, os pastos ficam “secos” e os animais não ganham peso - alguns até emagrecem. Com o baixo peso dos animais, não é possível ter uma quantidade de animais para atender à demanda. Assim, os produtores esperam a época de chuvas para que os animais recuperem peso. Na época de seca, animais com o peso ideal são poucos, levando a um aumento do preço da arroba. Apesar do aumento do confinamento dos animais, “a sazonalidade ainda não está totalmente eliminada, porém está em um patamar bem menor que na década passada”, informa Pinatti. “O aumento da produtividade somente é possível com a adoção de tecnologias, investimentos em sanidade, nutrição (principalmente com melhoria e manejo de pastagens), reprodução, manejo racional, melhoramento genético e gerenciamento”, diz. O pesquisador explica que há defasagem de tempo da influência da quantidade de chuva na cotação do preço do boi gordo “O fato pode ser explicado por dois motivos: um deles é o ciclo intra-anual (período de safra, que corresponde aos meses de maior precipitação pluviométrica, e o período de entressafra, durante o inverno seco, quando a precipitação pluviométrica é menor, menos favorável ao crescimento das forrageiras); e o outro, as variações mensais dos preços do boi gordo. Os agentes, conhecendo este comportamento nas variações mensais e também o comportamento das chuvas no ano anterior e conseqüentemente das pastagens (principal alimento dos bovinos), procuram antecipar as tendências de sentido das variações de preços ao seu favor.” “Para o índice de precipitação pluviométrico, 51,25% das variações são transmitidos para a cotação do preço do boi gordo (...). Essa transmissão ocorre com defasagem temporal de 10 meses”, diz o pesquisador do IEA. Com relação ao dólar, os preços que os frigoríficos ofereciam pelo boi durante o período da pesquisa variavam de acordo com a cotação do dólar, informa Pinatti. Os produtores e os frigoríficos ainda mantinham um resquício de indexação. Nessa relação entre o produtor e o frigorífico, no período estudado, a cotação do dólar sempre influenciou no preço do boi gordo. Para cada 1% de aumento no valor do dólar, o preço do boi gordo subia 0,25%, segundo o estudo, explica Pinatti. "Quando o dólar variava (valorização ou desvalorização), o preço do boi gordo seguia a mesma tendência (de aumento ou queda). Em nosso estudo, concluímos que 25% das variações do dólar eram repassados aos preços do boi gordo. Assim, quando a cotação do dólar variava 1%, 0,25% da variação (no mesmo sentido) do boi gordo era função exclusivamente do dólar". Este é um valor significativo, principalmente pelo fato de que a cotação do dólar pode variar e esse preço é repassado para o consumidor, diz o pesquisador do IEA. “Diante da acentuada desvalorização do dólar nos últimos anos, a influência do dólar sobre o preço do boi gordo diminuiu. Entretanto, somente um novo estudo com dados atuais pode dimensionar esta diminuição.” Pinatti pretende desenvolver um novo estudo, no qual acrescentará o número de fêmeas abatidas (fator do sistema de produção), que determina o ciclo plurianual (entre 5 e 8 anos), aos dados utilizados neste estudo. O objetivo é “verificar se a sua inclusão proporcionaria um valor mais preciso”, conclui. O trabalho foi publicado na Revista de Economia Agrícola (na edição nº1 de 2008), cuja versão eletrônica está disponível no site www.iea.sp.gov.br. José Venâncio de Resende/ Maitê Laranjeira da Silva Assessoria de Comunicação da APTA (11) 5067-0424

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