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O perigo das biotoxinas marinhas

Por Antônio Carlos Simões As biotoxinas marinhas são causadoras de uma forma de intoxicação associada ao consumo de frutos do mar, principalmente moluscos e crustáceos. As primeiras intoxicações humanas provocadas pelo consumo de mexilhões ocorreram na Califórnia (EUA), em 1927, relata o pesquisador Edison Barbieri, do Instituto de Pesca (IP-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Nessa época, especialistas relacionaram pela primeira vez a intoxicação e morte de consumidores de mexilhão com a presença, na água do mar, de uma microalga chamada Alexandrium catenella. Posteriormente, observou-se que, quando apareciam afloramentos de dinoflagelados (alimento dos mexilhões) ao redor de mexilhões, também ocorriam sintomas de enjoo e, inclusive, morte de pessoas que os haviam ingerido. Houve então a suspeita e logo a comprovação de que os dinoflagelados eram os responsáveis pelas intoxicações. A partir de 1976, ocorreram os primeiros 63 casos comprovados de intoxicações humanas relacionadas ao consumo de “mexilhões tóxicos” procedentes da Galícia. Entre 1978 e 1982, na Europa, houve vários registros de intoxicação relacionados ao consumo de moluscos bivalves. O fato mais importante ocorreu em 1981, afetando cerca de 5.000 pessoas, explica o pesquisador. Entretanto, nesses registros não foi possível identificar uma toxina específica nos mexilhões consumidos, pois não se efetuaram análises adequadas. Segundo Barbieri, desde aquela data não há registro de outro caso até 1986, quando se diagnosticaram sintomas em 17 pessoas que consumiram mexilhões cozidos em rocha. Posteriormente, ocorreram sucessivos novos episódios mais ou menos graves em quase todos os anos. Em 1993 e 1994, registraram-se nove casos, atingindo 27 pessoas e provocando a morte de uma delas. Já em 1995 outros três casos afetaram 61 pessoas. Outra vez, os responsáveis foram mexilhões cozidos em rocha. Barbieri revela que no Brasil não há dados disponíveis sobre a ocorrência e gravidade dessas intoxicações, o que dificulta a identificação de enfermidades e sua associação com a ingestão de frutos do mar. Nos Estados Unidos, são registrados, por ano, cerca de 30 casos de intoxicação por toxinas marinhas, geralmente durante o verão, quando o crescimento de dinoflagelados é maior. Biointoxicação A proliferação de certas algas microscópicas (microalgas), marinhas ou de água doce, pode causar diversos problemas para o homem e para o ecossistema como um todo. Aparentemente, a proliferação maciça de microalgas pode ter poucos efeitos no ecossistema ou afetar fortemente diversos organismos aquáticos, explica Barbieri. Segundo o pesquisador, chama-se de biointoxicação por moluscos bivalves aos processos patológicos produzidos pela ingestão desses animais contendo em seus tecidos toxinas, sintetizadas por microalgas planctônicas. Estes processos são diferentes das intoxicações provocadas pelo consumo de moluscos bivalves contaminados com bactérias ou parasitos, por radiatividade ou compostos químicos ou, ainda, pela hipersensibilidade do consumidor. Há relatos sobre aumentos constantes: do número de espécies fitoplanctônicas produtoras de toxinas, do número de toxinas produzidas por algumas destas espécies, da ocorrência mundial de florações de algas tóxicas e dos impactos desses aumentos nos ecossistemas e na pesca, justamente quando a dependência humana sobre os sistemas costeiros (para alimentação, recreação e comércio) encontra-se em expansão. A íntegra do artigo “O perigo das biotoxinas marinhas”, de Edison Barbieri, está disponível no site www.pesca.sp.gov.br, item “Textos Técnicos” do menu. Centro de Comunicação do Instituto de Pesca Antonio Carlos Simões (13) 3261-5474 Assessoria de Comunicação da APTA José Venâncio de Resende (11) 5067-0424

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