A Agência Paulista de Tecnologia (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é responsável pelo Congresso Internacional – Tendências e Desafios, em que serão discutidos dois pontos chaves para a vitivinicultura brasileira: a falta de mudas de uvas finas e a questão tributária. O congresso será realizado durante a São Paulo International Wine Trade Fair, feira que acontecerá entre 19 e 21 de setembro de 2018, no Pavilhão Oeste do Anhembi. Ao todo, serão 82 empresas expositoras no segmento de cachaça e vinho, sendo 28 delas estrangeiras. A expectativa é que quatro mil compradores, responsáveis pelos principais pontos de venda de vinho e cachaça do País participem do evento.
Segundo Adriana Verdi, coordenadora substituta da APTA, o objetivo do congresso é discutir questões importantes para a produção de vinhos no Estado e no País, principalmente os de vinhos finos, responsáveis por 20% do mercado nacional. “O mercado nacional concorre com a exportação principalmente de vinhos finos produzidos no Chile e na Argentina, países em que existem políticas públicas para o setor, o que faz com que a bebida chegue ao Brasil com um preço bastante atrativo. O Brasil produz vinhos finos de excelente qualidade, mas é preciso driblar a falta de mudas de cultivares Vitis Vinífera e a alta tributação”, explica.
Para a produção da bebida classificada como fina, é necessária a utilização de variedades de uvas Vitis vinífera, como cabernet sauvignon, merlot, malbec e Syrah. Segundo Adriana, falta no mercado esse tipo de mudas para os produtores rurais. “Temos produtores com o terreno pronto, mas sem mudas para plantar. Os viveiros não estão dando conta da demanda. Hoje, se encontra apenas mudas para produção de vinhos de mesa, responsável por 80% do mercado brasileiro, aproximadamente”, explica.
O painel “Mudas de Videiras – Seleção sanitária, registro, conservação e difusão de material genético de videiras” será realizado em 20 de setembro, às 14h. O debate será realizado a partir da exposição de Daniel Santos Grohs, analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa – Bento Gonçalves), e de Mara Moura, pesquisadora do Instituto Agronômico (IAC-APTA).
Tributação
A tributação, de acordo com a coordenadora substituta da APTA, é outro ponto crucial para o sucesso da vitivinicultura paulista e brasileira. Segundo Adriana, produtores de vinho têm reclamado muito a respeito da tributação do vinho, principalmente a Substituição Tributária, estipulada por cada Estado brasileiro. A carga tributária do vinho é superior a 50% do valor do produto.
“A alta carga tributária faz com que o vinho importado chegue ao Brasil muitas vezes mais barato que o produto nacional”, afirma Adriana que mediará o painel "Desafios da Substituição Tributária para o Setor de Vinho”. O painel contará com a participação de André Félix, sócio da San Martin, Carvalho e Feliz Ricotta Advocacia, e Luciano Lopreto, da vinícola Góes. O Painel será realizado em 20 de setembro, às 18h.
Outras atividades
O congresso também contará com a palestra “Ações do Setor de Vinhos e Bebidas do MAPA – Cadastro Vitivinícola Nacional”, que será proferida por Helder Moreira Borges, coordenador-geral de Vinhos e Bebidas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 20 de setembro, às 16h. Em 21 de setembro, às 18h, João Paulo Cruz de Sousa, gestor de vinhos do Grupo Pão de Açúcar, apresentará a palestra “Comercialização de Vinhos no Varejo Nacional”.
No dia 21 de setembro, às 14h, Emílio Brighenti, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri – São Joaquim), apresentará o case de sucesso “Vitivinicultura de Altitude em Santa Catarina: inovação e empreendedorismo”.
Na sequência da palestra de Brighenti, ainda na temática de vinhos de altitude, Fabrizia F. Gennari Zucherato, diretora-executiva da Vinícola Guaspari, apresentará o case de sucesso “Vinícola Guaspari: novo paradigma da vitivinicultura paulista”.
Vitivinicultura paulista vive novo paradigma
De acordo com Adriana Verdi, a vitivinicultura paulista vive um novo paradigma, com empreendimentos agrícolas liderados por empreendedores de outros setores da economia, com capital suficiente para investimento em tecnologias de ponta e contratação de especialistas de países reconhecidos mundialmente pela qualidade da bebida.
“A Serra da Mantiqueira, por conta de sua particularidade climática e aplicação da dupla poda, tem atraído esses novos produtores que possuen capital para implantar vinhedos de cultivares Vitis vinífera e produzir rapidamente bebidas de excelente qualidade. Por outro lado, as regiões tradicionais de produção também têm registrado novos casos de plantio de cultivares Vitis viníferas e mesmo expansão dos vinhedos de uvas labruscas e hibridas, já que São Paulo detém 60% do mercado consumidor de vinhos do Brasil”, afirma.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
19 2137-8933