A pandemia de Covid-19 tem refletido em novos hábitos por parte da população brasileira. O cultivo de plantas condimentares ou ervas aromáticas em vasos ou num canteiro ou até mesmo no jardim, além de ser uma atividade que ajuda a relaxar, confere uma alimentação mais saudável e, principalmente, um pequeno contato com a natureza e os benefícios que ela nos proporciona diariamente. Informações da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC-APTA), auxiliam a montar uma horta em casa ou apartamento, em pequenos recipientes ou espaços, com investimento de R$ 30,00 a R$ 50,00.
Para começar, vale apostar em vaso, floreira ou mesmo potes de sorvete, manteiga ou margarina, dentre outros que podem ser reutilizados, bastando fazer pequenos orifícios para drenar a água. Também serão necessários substrato, solo, adubo foliar ou algum tipo de adubo natural, como esterco, compostagem ou húmus.
“Se a pessoa já tiver os vasos ou jardineiras ou se vai reaproveitar algum tipo de pote, basicamente o custo será com a aquisição de mudas ou sementes, do substrato ou terra vegetal e adubo foliar”, diz a pesquisadora do IAC, Eliane Fabri. A variação do investimento vai depender do que a pessoa irá comprar: sementes ou mudas, vasos e substratos. “Mas o investimento não vai passar de R$ 50,00”, afirma.
Para quem usa essas ervas com frequência, ao ter a própria horta, a economia com compra de apenas cebolinha e salsinha pode chegar a R$ 10,00, por semana, segundo Eliane. Para quem recorre a outros temperos, a economia será ainda maior.
E para a horta “ir pra frente” a pesquisadora orienta sobre o manejo adequado. “O principal erro é o encharcamento com água ou a falta de água, na dúvida, recomendo apertar o solo com as pontas dos dedos e verificar se ainda está úmido ou se já está muito seco para proceder ou não com a irrigação”, esclarece a pesquisadora, ao comentar sobre o que deve ser evitado no cultivo.
Se o plantio for em ambientes fechados, como apartamentos, a rega deve ser feita duas vezes por semana e sem que haja encharcamento. Se os vasos estiverem em ambiente com bastante entrada de sol, a rega pode ser efetuada em dias alternados e sem deixar encharcar. “Se possível, coloque os vasos em local com um pouco de sol ou pelo menos uma boa entrada de luz”, recomenda.
Para quem não tem experiência e não quer arriscar, é melhor começar replantando aquele vaso com mudas, vendido em varejões, floriculturas e no mercado de flores na CEASA. Neste caso, deve-se escolher os que estão com aspectos mais saudáveis. “Quem optar por sementes, o ideal é ler as recomendações para semeadura para cada espécie que vêm descritas na embalagem”, sugere.
E em quantos dias, após o plantio, a pessoa poderá colher os primeiros raminhos na sua horta? Dependendo da espécie, se o plantio foi feito com mudas, a partir de 15 a 20 dias após o plantio. Mas se a opção foi pela semeadura de sementes, serão necessários cerca de 30 dias para a primeira colheita.
Em resumo, para não ter erro: “O ideal é escolher um vaso de tamanho adequado ao espaço que tem no apartamento ou casa, colocá-lo em um local com entrada de luz ou sol, para um vaso de diâmetro de 20 cm a 25 cm colocar, no máximo, cinco mudas, escolher um bom substrato ou terra vegetal para fazer o plantio e irrigar de acordo com a recomendação para cada espécie”, ensina.
E para quem ainda tem dúvida se vale investir em uma horta caseira, fica o resumo da cientista: “O hábito de cultivar plantas condimentares ou ervas aromáticas em vasos ou num canteiro ou até mesmo no jardim, além de ser uma atividade que ajuda a relaxar, confere uma alimentação mais saudável e, principalmente, um pequeno contato com a natureza e os benefícios que ela nos proporciona diariamente”.
Como adubar?
Quem nunca comprou plantas aromáticas ou hortaliças folhosas e observou que algumas duram muito e outras deterioram rapidamente, dependendo de onde compra (e, logicamente, do fornecedor e do modo de cultivo)? Essa durabilidade do produto pode ter a ver com a adubação.
A pesquisadora conta que o excesso de nitrogênio diminui a durabilidade da vida de pós-colheita das hortaliças. Segundo Eliane Fabri, a adubação é importante e deve ser feita, mas é preciso cuidado com o excesso de adubação nitrogenada. “Ela favorece o rápido desenvolvimento da planta, mas se não estiver em equilíbrio com os demais nutrientes necessários para o bom desenvolvimento, podemos ter uma planta nutricionalmente desequilibrada e mais suscetível aos ataques de pragas e doenças”, explica.
No caso da horta caseira, de acordo com a pesquisadora, para adubar as plantas podem ser misturados no substrato para plantio, adubos orgânicos, húmus ou uma pequena quantidade de adubo químico para plantio. “Após o pegamento das mudas ou após as sementes germinarem e a planta apresentar de dois a quatro pares de folhas, é bom fazer uma adubação de cobertura com adubo químico foliar, recomendado para esse tipo de cultivo”, orienta. Esses adubos químicos são encontrados em casas agropecuárias, floriculturas ou mesmo em alguns supermercados. “Para quem não quer usar o adubo químico, pode-se fazer um reforço colocando sobre o solo ou substrato do vaso uma pequena porção de adubo orgânico na forma sólida”, completa.
Mais sabor aos pratos
“A natureza nos oferece uma série de ervas que, adicionadas aos alimentos, podem resultar em deliciosas preparações culinárias. Pratos simples podem ser transformados em verdadeiras iguarias, se soubermos combinar bem os ingredientes com as ervas aromáticas”, é o que ensina a nutricionista Beatriz Cantusio Pazinato, diretora da Divisão de Extensão Rural, da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) da Secretaria, e está sempre à frente de capacitações na área de processamento artesanal de produtos agropecuários e preparo de alimentos, sendo autora de diversas publicações nessa área.
Para usá-las, Beatriz orienta que as ervas secas são de três a quatro vezes mais concentradas do que as ervas frescas, dessa forma recomenda-se que, para cada colher de sopa de ervas frescas, seja usada uma colher de chá de ervas secas; também se pode combinar o uso de ervas juntando-as em sachês, sendo o mais comum fazer um buquê com quatro ramos de salsa, dois de tomilho e uma pequena folha de louro, por exemplo. Entre as ervas mais comuns e conhecidas na culinária estão o alecrim, a cebolinha, o coentro, o estragão, a hortelã, o louro, o manjericão, a manjerona, o orégano, a salsa, a sálvia, a segurelha e o tomilho. Já a erva-cidreira e a erva-doce, além de terem uso em pratos doces, também podem ser utilizadas em pratos salgados.
A Instrução Prática 270 “Uso Culinário de Ervas Aromáticas” pode ser adquirida no Setor de Publicações da CDRS. Os pedidos são feitos via e-mail e os depósitos efetuados no Banco do Brasil, conforme pode ser conferido no site https://cdrs.sp.gov.br. Porém, em razão da quarentena, a comercialização das publicações está temporariamente paralisada quanto às entregas, devendo retornar à normalidade tão logo seja permitido.
Por Carla Gomes
Assessora de Imprensa - IAC