Produtores rurais do Vale do Paranapanema, interior paulista, poderão conhecer tecnologias desenvolvidas pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, durante a Coopershow, maior vitrine tecnológica do agronegócio da região. Na edição deste ano, a APTA apresentará resultados em soja, milho, mandioca, uva e alimentação animal. Além disso, serão oferecidas oficinas para produção do adubo orgânico bokashi, biofertilizantes, artesanato com escama de tilápia, produção de hortaliças em sistema de plantio direto e produção de batata-doce livre de vírus. A Coopershow é uma iniciativa da Cooperativa Agroindustrial (Coopermota) e será realizada de 23 a 25 de janeiro de 2019, em Cândido Mota, interior paulista.
“Aproximadamente, cinco mil pessoas passam pela Coopershow. Como grande parte do público é formada por produtores rurais, temos a oportunidade de demonstrar as tecnologias que desenvolvemos para melhorar a produtividade e agregar renda no campo”, afirma Sérgio Doná, pesquisador da APTA.
Segundo Doná, a região do Vale do Paranapanema tem tradição no cultivo de cana-de-açúcar, grãos e mandioca para indústria e é formada, majoritariamente, por pequenos e médios produtores rurais. “Vamos mostrar soluções tecnológicas nestas grandes áreas, porém, apresentaremos também alternativas para diversificar a produção e agregar renda com o uso de subprodutos”, explica.
Confira todas as pesquisas e tecnologias que serão apresentadas pela APTA na Coopershow.
APTA avalia cultivares de soja para região do Vale do Paranapanema
Pesquisadores da APTA avaliaram 20 cultivares de soja transgênicas comercializadas pela Coopermota, nas cidades de Assis, Cândido Mota e Palmital. O objetivo foi identificar quais as melhores cultivares de acordo com o ambiente de produção.
Os resultados serão apresentados aos produtores que passarem pela Coopershow, que poderão tirar dúvida sobre o desempenho das cultivares com os pesquisadores e técnicos da APTA. “O objetivo dessa pesquisa foi trazer dados técnicos de desempenho das cultivares para o agricultor ter informações imparciais sobre os materiais e fazer a melhor escolha para sua realidade de cultivo. Além disso, a adoção de uma cultivar de soja que não seja adequada para a sua localidade pode resultar em frustação da atividade”, afirma Doná. A pesquisa foi realizada em parceria com a Coopermota.
Consórcio de milho e braquiária aumenta em até 20% a produtividade da soja
A região do Vale do Paranapanema é grande produtora de milho safrinha e soja. Com a lucratividade das duas atividades, os produtores relutam em fazer a interrupção de um dos cultivos para realização de rotação de cultura, importante para evitar o esgotamento do solo e reduzir a ocorrência de pragas, doenças e plantas daninhas.
Uma alternativa para esta realidade é o consórcio de milho safrinha e braquiária, com o cultivo simultâneo das duas espécies, proposto pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA). Com esse sistema de produção é possível produzir matéria seca e trazer benefícios para a parte física e biológica do solo, sem abrir mão de uma das culturas. “Com esse sistema é possível aumentar em até 20% a produtividade da cultura subsequente, que é da soja”, afirma Aildson Pereira Duarte, pesquisador do IAC.
O sistema funciona da seguinte forma: as sementes de braquiária são introduzidas em conjunto com o milho safrinha, que é colhido antes da braquiária. 21 dias antes da semeadura da soja, a braquiária é dessecada e sua cobertura morta fica no campo junto com os restos da colheita do milho. Além de trazer ganhos em produtividade para a cultura da soja, o sistema de produção tem baixo custo. Segundo o pesquisador do IAC, o produtor gasta, aproximadamente, R$ 30,00 por hectare com a compra de sementes de braquiária.
Apesar das vantagens, Duarte alerta para a necessidade do uso de sementes de alta qualidade, para que não sejam introduzidos nematoides, e usar a quantidade de sementes de braquiária adequada para não haver competição entre as duas culturas. “O produtor também precisa estar atento na semeadura da braquiária, principalmente em propriedades com espaçamento reduzido. Vamos apresentar na Coopershow a tecnologia do uso da terceira caixa. Com ela é possível usar uma caixa para semente de milho, outra para adubo e uma terceira para semente de braquiária. Esse método é mais eficiente do que o de distribuição por lanço, em que as sementes de braquiária são distribuídas de forma aleatória no campo”, explica.
Cultivar de mandioca para indústria do IAC está em 80% dos campos da região
Responsável por 40% da produção de mandioca para indústria do Estado de São Paulo, a região do Vale do Paranapanema tem as cultivares de mandioca desenvolvidas pelo IAC como base de sua produção. A cultivar IAC 14 ocupa, aproximadamente, 80% da área plantada na região. “Isso mostra a qualidade desta cultivar, mas também traz preocupação, pois se alguma doença específica atacar esse material, todo o setor ficará comprometido”, explica o pesquisador da APTA, Sérgio Doná.
Para ajudar na diversificação da produção, o Polo Regional de Assis da APTA vêm conduzindo ensaios de avaliação de cultivares e clones de mandioca, com o objetivo de fornecer as informações necessárias para os produtores decidirem qual material será cultivado. Além disso, o Polo apoia o programa de melhoramento de mandioca do IAC, conduzindo várias fases do processo na unidade de pesquisa.
Produção de uva pode ser boa alternativa para pequenos e médios produtores
A APTA desenvolve estudos para viabilizar o cultivo de frutas na região do Vale do Paranapanema com o objetivo de oferecer alternativas de exploração agropecuária que possam gerar mais renda e ocupar toda a família. Uma dessas alternativas é a produção de uva Niágara, uma variedade rústica de mesa, que pode ser cultivada sob porta-enxertos desenvolvidos pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA).
“A uva tem se mostrado interessante, com produtividade de 10 a 12 toneladas por hectare nos primeiros anos de cultivo, e características que atendem às exigências do mercado consumidor”, afirma Sérgio Doná.
No estande da APTA na Coopershow as uvas serão demonstradas em estrutura em Y, sistema introduzido pelo IAC no Estado de São Paulo, que pode aumentar a produtividade em 100% e permitir melhor controle fitossanitário.
Uso da parte aérea da mandioca traz ganhos de 300 gramas por dia na produção de cordeiros
Pesquisa desenvolvida no Polo Regional de Assis da APTA mostrou que o uso da parte aérea da mandioca na alimentação de cordeiros resultou no ganho de 300 gramas por dia no peso dos animais. A silagem pode ser usada também na produção de gado de corte e aves.
Segundo os pesquisadores, o teor de proteína bruta da silagem da parte aérea da mandioca é similar ao da silagem de milho, que está sendo comercializada atualmente a R$ 220,00 a tonelada. “Isso sem contar os gastos na conservação e transporte, aumentando muito o custo da alimentação suplementar animal”, afirma Laucir Genova, pesquisador da APTA. O custo para a silagem da mandioca é de cerca de R$ 60 reais por tonelada.
Outro fator que torna interessante o uso desse tipo de alimento para os animais é que a região é grande produtora de mandioca, o que facilita o acesso à matéria-prima. “A silagem com a parte aérea da mandioca já tem sido utilizada por produtores da região, principalmente os com mão de obra familiar. Isso porque a colheita mecânica precisa ser conduzida juntamente com as atividades manuais, favorecendo o uso do sistema em propriedades menores”, explica.
Oficinas para produção de fertilizantes, artesanato e produção de batata doce e hortaliças
No espaço Quintal Coopershow, pesquisadores e técnicos da APTA ministrarão oficinas com o objetivo de agregar renda na produção. Em 23 de janeiro, às 9h, a pesquisadora da APTA, Marildes Josefina Lemos Neto, ensinará os interessados a confeccionar bijuterias a partir da escama de tilápia. Nesta oficina os participantes aprenderão os seguintes processos: retirar as escamas, limpar, secar, tingir e confeccionar "rosas", que podem ser aplicadas em correntes, brincos, anéis, pulseiras e acessórios para o cabelo e bordadas em roupas “A ideia é usar um subproduto para a produção de artesanato que tem grande aceitação”, afirma.
O pesquisador da APTA, Sebastião Wilson Tivelli, ensinará em 24 e 25 de janeiro, a preparar bokashi e biofertilizantes, que podem ser utilizados no cultivo convencional e orgânico de diversas culturas. “Vamos utilizar no preparo ingredientes locais, como fécula de mandioca, torta de filtro e farelo de soja, por exemplo. O uso de resíduos agroindustriais disponíveis na região facilita a produção dos fertilizantes e reduz os custos”, explica.
Os técnicos da APTA também demonstrarão o cultivo de batata-doce livre de vírus. Agricultores da região de Presidente Prudente, no interior paulista, relatam que ao utilizar mudas livres de vírus da APTA conseguiram dobrar a produção. Mais de 300 agricultores foram atendidos pela Agência.
A produção de alface em sistema de plantio direto é outro tema que será abordado no Quintal Coopershow. A pesquisadora Andreia Hirata apresentará a tecnologia. A técnica utiliza plantas de cobertura como milheto, braquiária e crotalaria, que forma palha de cobertura no solo para produção de hortaliças folhosas durante o verão, época de grande procura por esses alimentos, mas com dificuldades de cultivo.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
19 2137-8933