Em comemoração aos 51 anos do Centro de Engenharia e Automação (CEA) do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, será realizado o evento online “Evolução da mecanização agrícola no Brasil”, em 1° de setembro de 2020, às 17h.
O evento contará com a participação de Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Marcos Antônio Machado, diretor-geral do IAC, Márcio Hasegawa, do grupo Hasegawa, João Roberto Amaral Júnior, do grupo Andrade e Wanderson Tosta, do grupo Jacto. Os interessados em participar devem se inscrever no site https://www.fonte.agr.br/.
Instalado na cidade de Jundiaí, o CEA reúne equipe de pesquisadores especializada em diferentes segmentos do agronegócio e abriga reconhecidos programas como Aplique Bem, Adjuvantes da Pulverização, Quepia e Unidade de Referência. Lidera, ainda, projetos considerados disruptivos nas áreas ambiental e de mecanização agrícola.
As pesquisas desenvolvidas pelo CEA colocam a agricultura paulista na vanguarda do setor. O diretor-geral do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Marcos Antônio Machado, relembra que foi o pioneirismo do Centro de Engenharia e Automação que colaborou com a mecanização do campo. “Foram as pesquisas conduzidas no CEA que possibilitaram o protótipo da primeira colhedora de café, cujo desenvolvimento foi então assumido pela Jacto e representa ainda hoje um dos principais produtos do agro paulista e brasileiro”, afirma.
Um dos desafios tecnológicos encampados pelo centro de pesquisas de Jundiaí está sob responsabilidade do pesquisador Antonio Odair Santos, agrônomo e pós-doutor em viticultura e enologia. Trata-se da mecanização da colheita da uva, tecnologia ainda inédita no mundo. Santos desenvolveu e testa protótipos de máquinas para desfolha, poda e pulverização de videiras que elevarão o índice de mecanização da cultura.
Além de sistemas para condução da cultura, Santos estuda a qualidade da uva em parceria com a pesquisadora Maria A. Lima. Este estudo deu origem a um veículo motorizado e a um aparelho portátil que operam integrados no mapeamento de padrões produtivos da fruta. “Este equipamento, associado ao uso da técnica de espectroscopia de infravermelho, permite mapear a qualidade dos frutos durante todo o processo produtivo”, diz o pesquisador.
Outro projeto de última geração é tocado pelo engenheiro e pesquisador Roberto da Cunha Mello. Ele está à frente de estudos sobre colhedoras de cana-de-açúcar e desenvolve uma máquina específica para minimizar efeitos da colheita mecanizada na produtividade da cultura. Conforme Mello, ainda não existe no mercado mundial uma colhedora como a que está em estudo no CEA, capaz de corrigir preparo do solo, plantio ou cultivo não adequado à mecanização.
Engenheiro agrônomo e pesquisador há quase 35 anos, Afonso Peche conduz no CEA estudos nas áreas de agricultura conservacionista e gestão agroambiental. São diretrizes do trabalho dele, por exemplo, medir e avaliar impactos ambientais de ocupação e uso da terra, além de desenvolver modelos para gerir e mitigar efeitos da intervenção da agricultura na natureza e fazer inventário de águas no Estado de São Paulo.
Durante o evento, serão discutidas as contribuições do Centro de Engenharia e Automação e suas futuras ações. O pesquisador do IAC, Hamilton Humberto Ramos, responsável pelos programas Aplique Bem, Adjuvantes da Pulverização, Quepia e Unidade de Referência, será um dos palestrantes do evento. Na apresentação, ele abordará o impacto dessas pesquisas na saúde dos trabalhadores rurais, no ambiente e os reflexos financeiros decorrentes de economias dos recursos aplicados nos manejos agrícolas.
O programa Aplique Bem, uma parceria com a UPL, avalia pulverizadores em uso com base na ISO 16122 e realiza o treinamento de trabalhadores para o uso de defensivos. A atividade é feita com laboratórios móveis, chamados TechMóveis, levados às propriedades rurais do país. “No Brasil, cerca de 71,5 mil trabalhadores já foram capacitados para aplicar corretamente defensivos agrícolas, com maior eficiência para a lavoura e maior segurança para o ambiente e as pessoas”, diz Ramos. O Programa já foi transferido para seis países.
Esses programas e a Unidade de Referência em Tecnologia e Segurança na Aplicação de Defensivos Agrícolas são iniciativas reconhecidas por transferir qualidade, eficácia e segurança nos tratamentos fitossanitários em pequenas, médias e grandes propriedades.
O QUEPIA é fruto da parceria entre o IAC e empresas fabricantes de vestimentas de proteção para a aplicação de defensivos, com o objetivo de pesquisar e desenvolver a qualidade desses EPI na agricultura. O resultado desse trabalho é o pioneirismo do Brasil na adoção de normas ISO relacionadas à qualidade para vestimentas de proteção de aplicadores de defensivos disponibilizadas no mercado. “O sucesso desse trabalho levou à redução do índice de reprovação dos EPI certificados pelo QUEPIA de 80% para 20% em 13 anos de existência do Programa”, avalia o pesquisador. Já o Programa Adjuvantes da Pulverização busca desenvolver parâmetros para analisar e classificar a funcionalidade desses produtos.
Durante a comemoração dos 51 anos do CEA serão divulgados também contribuições que envolvem o desenvolvimento de novos métodos de ensaios de máquinas e componentes, como o método e equipamentos necessários para avaliação da qualidade de cardans agrícolas, e os trabalhos na área de engenharia de biossistemas, integrando máquina, planta e ambiente.
Por Mônica Galdino e Carla Gomes
Assessoria de Imprensa - IAC