Após trabalhar com o tema no Instituto, Túlio Yoshinaga busca controlar doença que afeta peixes de água doce
Parceiro do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Túlio Yoshinaga conquistou uma bolsa de pós-doutorado na Universidade de Umeå, na Suécia, onde desenvolve uma pesquisa inovadora para prevenção e tratamento da Saprolegnia, uma doença que afeta peixes de água doce e representa um desafio para a aquicultura.
Biólogo de formação, Túlio adquiriu muito da experiência que hoje emprega no país nórdico em seu período de atuação no Núcleo Regional de Pesquisa em Salmonicultura Dr. Ascânio de Faria, do IP. Durante a pós-graduação, realizou os experimentos para seu mestrado e doutorado no Núcleo, localizado em Campos do Jordão (SP), sob a orientação do pesquisador Ricardo Hattori e do professor José Roberto Kfoury Júnior, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, onde aprendeu com a equipe e contribuiu significativamente para as atividades do local. “Não estaria onde estou se não tivesse a experiência que o Núcleo me proporcionou”, relembra.
Túlio conta que, no ano de 2021, criou um sistema de incubação em circuito fechado, que permitiu controlar melhor a temperatura e garantir a qualidade da água para os ovos embrionados. Essa inovação aumentou a taxa de sobrevivência dos ovos, ajudando o Núcleo a minimizar perdas causadas por flutuações de temperatura e infecções por Saprolegnia, microrganismo que se assemelha a um fungo, mas é mais relacionado a algas, e que afeta, especialmente, a incubação de ovos em espécies aquáticas de água doce.
Agora, a pesquisa de Túlio na Europa tem como foco a identificação de alvos para o tratamento e a prevenção da doença. Atualmente, não existem métodos eficazes de tratamento: o corante sintético verde malaquita, que era utilizado, foi banido por ser carcinogênico, e outras alternativas, como o formol ou as soluções salinas, não são seguras nem apresentam bons resultados.
O objetivo principal é usar análises do perfil genético para identificar genes essenciais para o crescimento ou a patogenicidade da Saprolegnia. Em seguida, Túlio utilizará a técnica CRISPR/Cas9 (ferramenta de edição genética) para editar esses genes e verificar se, sem eles, a Saprolegnia ainda mantém seu poder de infecção. A partir disso, serão selecionados compostos orgânicos que afetam especificamente esses genes para desenvolver novos métodos de tratamento e prevenção da doença no cultivo de salmonídeos (peixes da família Salmonidae, como salmão e truta).
Trajetória acadêmica
Para chegar a essa oportunidade na Suécia, Túlio construiu uma trajetória de dedicação e aprendizado. Após concluir o doutorado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), ele trabalhou em uma startup no Centro de Estudos do Genoma Humano, do Instituto de Biociências da Universidade, em um projeto de xenotransplantes (transplantes de órgãos entre espécies diferentes, como por exemplo, de um animal para um ser humano).
O projeto consistia em desenvolver células geneticamente modificadas com o potencial de escapar do sistema imunológico que, posteriormente, seriam utilizadas para produzir um animal geneticamente modificado, a fim de servir como doador de órgãos para humanos. “Eu estava encarregado de desenvolver essas linhagens celulares geneticamente modificadas. Foi uma grande experiência, eu pude aprender mais sobre edição genética, o que certamente foi uma habilidade que desenvolvi e que foi decisiva na minha ida para a Suécia”, explica Túlio.
O agora bolsista de pós-doutorado destaca que sempre ouviu de seus orientadores de pesquisa que, para ser competitivo na área acadêmica, era necessário ter uma experiência internacional. Foi quando surgiu a oportunidade de estudar na Universidade de Umeå.
Com grandes expectativas para o futuro, Túlio vê a pesquisa na Suécia como uma porta aberta para novas oportunidades. Segundo ele, a universidade é muito receptiva a pesquisadores estrangeiros e os incentiva a permanecer no país. Ele vislumbra a possibilidade de seguir com o grupo de pesquisa após a conclusão do pós-doutorado.
No entanto, não descarta a ideia de retornar ao Brasil, onde mantém parcerias de pesquisa com antigos orientadores e outros projetos em andamento. "O futuro pode ser incerto, mas é emocionante!", diz Túlio. "Ainda tenho tempo para decidir", finaliza.
Por Andressa Claudino
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