Laboratório de luvas é o primeiro aberto no mundo e já está apto a realizar estudos com base em uma nova norma global de qualidade da ISO
Uma das iniciativas mais relevantes em curso no País para proteger o trabalhador rural da exposição aos defensivos agrícolas, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura (Quepia) dá hoje mais um passo para se consolidar como referência na área. Dois laboratórios do programa serão inaugurados no Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), sediado na cidade de Jundiaí.
Voltados a estudos que têm por objetivo aprimorar padrões de qualidade e segurança atrelados a equipamentos de proteção individual para a agricultura - itens largamente utilizados nas aplicações de defensivos agrícolas -, os laboratórios ocupam uma área de 300 m² e foram financiados com recursos privados e da Fundag - Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola.
Coordenador do programa Quepia há 13 anos, além de pesquisador científico do CEA-IAC, o engenheiro agrônomo Hamilton Ramos destaca que a atuação do centro de pesquisas junto à indústria de vestimentas protetivas agrícolas reduziu 80% para 20%, entre os anos de 2000 e 2018, o índice de reprovação a produtos do gênero fabricados no País.
“Como ocorreu na indústria de vestimentas, o laboratório de luvas protetivas nasce agora com a meta de promover a melhora contínua da qualidade destes produtos, pois reúne recursos que permitem transferir subsídios tecnológicos de ponta aos fabricantes e distribuidores da área presentes no Brasil.”
Ramos salienta ainda que o laboratório de luvas do CEA-IAC é o primeiro aberto no mundo exclusivamente dedicado à certificação desses produtos, e já está apto a conduzir análises com base na nova norma de qualidade ISO 18.889, recém-criada. Específica para luvas agrícolas, a norma foi elaborada com a colaboração do pesquisador, que é membro permanente do comitê mundial da entidade International Standartization Organization.
Hamilton Ramos adianta também que o Selo de Qualidade IAC-Quepia, até hoje conferido somente a fabricantes de vestimentas protetivas, será estendido ao mercado de luvas agrícolas nos próximos meses. Para conquistar a cobiçada certificação, as empresas do segmento devem se associar ao programa IAC-Quepia e submeter seus produtos às análises de qualidade do laboratório inaugurado hoje.
O programa IAC-Quepia resulta de uma parceria entre o CEA-IAC e o setor privado. Segundo Ramos, na última década a iniciativa de caráter público-privado influenciou medidas relevantes do Ministério do Trabalho, entre outros órgãos oficiais, com vistas à proteção do trabalho rural, incluindo Portarias que condicionaram a emissão de certificados de qualidade para vestimentas ao respeito a normas internacionais de manufatura.
“Em âmbito internacional, o Quepia atua há mais de dez anos em parceria com cientistas da Europa e dos Estados Unidos, regiões igualmente avançadas no aprimoramento da qualidade de produtos capazes de reduzir a exposição humana a defensivos agrícolas”, finaliza Ramos.