A macroalga marinha da espécie Kappaphycus alvarezii, originária das Filipinas, foi introduzida no Brasil em 1995, por meio de uma parceria entre a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O IP desenvolve diversos projetos em sua Fazenda Marinha Experimental e no Laboratório de Macroalgas Marinhas Ricardo Toledo Lima Pereira (LAMAMA), do Núcleo Regional de Pesquisa do Litoral Norte, localizado em Ubatuba (SP).
Inúmeros estudos já foram conduzidos com essa macroalga, que apresenta uma ampla e diversificada gama de aplicações em vários segmentos de diversas indústrias, podendo ser extraídos dela biofertilizantes, biocombustíveis, bioplástico, cosméticos, medicamentos, entre outros produtos.
Recentemente, grupo de pesquisa coordenado pela pesquisadora científica do IP Valéria Gelli, e que conta com parceria do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA/SIMA) e Instituto de Biociências (IB/USP), publicou mais um artigo sobre a macroalga na revista científica Journal of Applied Phycology, intitulado “Temperature as determinant factor on the generation of new strains of Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta) cultivated in subtropical waters”.
De acordo com o estudo, o processo de domesticação da Kappaphycus alvarezii (Doty) L.M. Liao (Rhodophyta) teve início na década de 90 com a introdução de um tetrasporófito marrom e um gametófito pálido marrom, que são formas biológicas de ciclos de vida alternados da macroalga, na Fazenda Marinha Experimental do IP.
A partir dessas duas linhagens originais, foram geradas espontaneamente novas linhagens com variações de cores. No total, foram registradas 12 novas linhagens de cores, que estão depositadas no biobanco do LAMAMA. O estudo ocorreu entre os anos de 2013 a 2022 e foram monitorados alguns parâmetros ambientais como temperatura, salinidade e transparência da água.
Os resultados geraram um modelo matemático, o qual demonstrou que o fator abiótico de temperatura foi significativo na formação de uma nova linhagem. “Verificou-se que a probabilidade de geração de novas cepas de K. alvarezii aumenta à medida que a temperatura diminui, conforme indicado pelos resultados do modelo”, explica a pesquisadora Valéria.
De acordo com ela, a ocorrência de novas linhagens de K. alvarezii pode contribuir para a seleção de cultivares mais produtivas, com taxas de crescimento maiores, e que podem conter biomoléculas ativas importantes para a indústria, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento sustentável da algicultura brasileira.
As pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Pesca e suas parcerias fazem parte das metas do Programa Algicultura SP para o desenvolvimento sustentável e responsável da algicultura paulista.
Por Andressa Claudino
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