O primeiro Workshop “Macadâmia – Contribuições para o desenvolvimento da cadeia produtiva no Estado de São Paulo”, realizado em 10 de dezembro, na sede do Instituto Agronômico (IAC-APTA), de Campinas, foi um sucesso de público superando o esperado. Durante toda a manhã foram apresentados dados sobre a produção brasileira, agregação de valor na cadeia, exportação, assim como aspectos fitossanitários da cultura e adubação de pomares. Os 74 participantes vieram de várias localidades do Estado de São Paulo, mas também de Minas Gerais, do Espírito Santo, de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Segundo os organizadores, há carência de mais informações sobre a macadâmia, uma nogueira com enorme potencial de comercialização em várias áreas e que vem crescendo paulatinamente em produção.
Organizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o evento teve como coordenadores as pesquisadoras Graciela da Rocha Sobierajski, do IAC, Silene Freitas e Terezinha Fernandes Franca, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), também vinculado à Secretaria, e Edwin Montenegro, assessor técnico da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. “O Instituto Agronômico é o único na área da pesquisa nacional que vem trabalhando com a adaptação da macadâmia às condições brasileiras, com melhoramento genético e testes de progênie, daí o grande interesse dos produtores em participar”, afirmou Gabriela Sobierajski. Segundo a pesquisadora, a partir desse evento e com o apoio da Secretaria, há a pretensão de tornar essas capacitações mais frequentes e realizadas em parceria com a Câmara Setorial da Macadâmia, que foi formada há dois anos.
Na abertura, Edwin Montenegro frisou não apenas o potencial comercial da macadâmia, mas também a possibilidade de ser cultivada em áreas de restauração ambiental e por pequenos produtores que podem iniciar seu cultivo intercalar a outras culturas, já que a nogueira só começa a produzir a partir do quinto ano. “Daí para frente, são 50 anos de produção; trata-se de uma poupança para o futuro, com garantia de retorno econômico, já que há vários usos possíveis para a macadâmia, seja no produto in natura ou processado para produção de óleo, farinhas, cosméticos, entre outros”, afirmou Montenegro.
O assessor confirmou, ainda, o empenho da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo no sentido de se fazer presente e atuante em todas as fases, “do plantio ao prato”, indo desde a pesquisa voltada às variedades, à formação de mudas, ao controle de pragas e doenças, tema do Instituto Biológico, passando pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) demonstrando o potencial de crescimento, ao Instituto de Tecnologia dos Alimentos (Ital-APTA) na questão das várias formas de processamento da macadâmia até o comércio, seja exportação ou mercado interno.
Rica em gorduras insaturadas, proteínas, fibras, antioxidantes, vitaminas E e do complexo B, zinco, potássio, manganês, ferro, cobre e selênio, essa oleaginosa pode auxiliar na diminuição de doenças cardiovasculares, no nível de colesterol no sangue e até mesmo na prevenção de alguns tipos de câncer. “Trata-se de um alimento saudável, nutracêutico, com propriedades reconhecidas”, lembra Graciela.
As empresas beneficiadoras também estão otimistas. Atualmente, segundo Pedro Toledo-Piza, representante da maior beneficiadora do Estado de São Paulo, a QueenNut Macadâmia, existem três grandes empresas do ramo no Brasil, três de médio porte e mais outras 19 de micro e pequeno porte, todas com capacidade ociosa e prontas para ampliar a produção. Piza, que participou do evento junto com vários produtores atende o produtor desde a produção e venda de mudas no viveiro até a exportação para vários países, entre eles China e Estados Unidos. “Posso afirmar que o mercado é muito promissor no Brasil e no mundo”, confirmou Piza ao lado de outro representante de uma beneficiadora de Piraí (RJ), Luis Tavares, também presente ao evento.
Para as beneficiadoras e para os produtores, cerca de 70% dos participantes do Workshop, São Paulo está à frente comandando as pesquisas desde que a nogueira macadâmia foi introduzida no Brasil na década de 1930. Ana Lúcia Sabino, de Juiz de Fora (MG), é produtora há 12 anos; tem 30 há cultivados, sendo 24 ha em produção. “Eu e meu marido pretendemos aumentar a área, continuar investindo; estou aqui, assim como outros produtores de Minas Gerais em busca de novidades, há muita carência de informações e vou onde elas estiverem disponíveis”, afirmou Ana, satisfeita com os resultados comerciais que vem alcançando com a macadâmia: “toda nossa produção é vendida!”. A busca por capacitação também é o caso do produtor de Piracaia (SP), Rossildo Faria de Oliveira que já investiu 40 ha de terra no cultivo da macadâmia. “Estava em busca de uma cultura que além de comercial, oferece um alimento saudável e encontrei a macadâmia”, contou o produtor.
Para Edwin Montenegro, o Estado de São Paulo tem condições ideais de clima para o desenvolvimento da macadâmia. “Por aqui, por São Paulo, passa o Trópico de Capricórnio, assim como pelos principais países produtores, África do Sul e Austrália, temos boas condições para desenvolvimento do cultivo e temos a pesquisa O produtor paulista pode pensar na macadâmia como uma grande alternativa para as áreas onde houve, por exemplo, redução da cana-de-açúcar”, exemplificou. O Brasil responde por apenas 2% da produção mundial de nozes macadâmia, mas vem crescendo a área nos últimos 10 anos sendo São Paulo responsável por 50% desse montante; em 2018, a produção atingiu 59.300 toneladas.